Elizeu Pires
Quem se debruça sobre o processo administrativo através do qual a Organização Social Instituto de Desenvolvimento, Ensino e Assistência à Saúde (Ideas) foi escolhida pela Secretaria Estadual de Saúde para administrar um complexo formado pelos hospitais Alberto Torres, João Batista Cáffaro e a UPA São Gonçalo, pensa logo em favorecimento, o que foi questionado pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), que também ficou com a pulga atrás da orelha em relação à escolha da mesma OS para administrar, por R$ 110,2 milhões, o Hospital Zilda Arns, em Volta Redonda, “ocorrida com a mesma rapidez e falta de transparência”, segundo observadores mais atentos.
Originária do estado de Santa Catarina – onde acumula cerca de 300 processos trabalhistas a tramitarem em varas de Camboriú, Criciúma, Florianópolis e Joinville –, o Instituto de Desenvolvimento, Ensino e Assistência à Saúde é, desde o último sábado (2) responsável pela gestão do Hospital Estadual Ricardo Cruz, em Nova Iguaçu, com um contrato de R$ 44 milhões, com validade de seis meses. Essa conquista da OS, para quem entende do riscado, também aconteceu na base do atropelo. Uma concorrente, a Associação Mahatma Gandhi, foi inabilitada logo de cara, e o Instituto Solidário se sentiu prejudicado e apresentou vários questionamentos.
Jogo de cartas marcadas? – Feita a toque de caixa, a contratação para as unidades de São Gonçalo se deu a partir de um chamamento publico nem tão público assim, pois o aviso não foi publicado no Diário Oficial e as instituições interessadas tiveram apenas 48 horas de prazo para apresentarem suas propostas. A SES enviou e-mail para dez instituições no dia 23 de setembro e deu ate às 12h do dia 25 do mesmo mês para as propostas serem apresentadas.
A OS Ideas levou a melhor porque acabou concorrendo sozinha, já que a proposta da Associação Filantrópica Nova Esperança sequer foi analisada, pois foi entregue às 12h4 do dia 25 de setembro, quatro minutos após o fim do prazo. Foi assim que essa entidade ganhou um contrato de R$ 239,5 milhões.
Dias antes o Instituto Ideas havia se dado bem na escolha da instituição que passaria a administrar o Hospital Zilda Arns, em Volta Redonda, e levou vantagem também na hora de receber o primeiro pagamento, pois a parcela que seria de pouco mais de R$ 9,1 milhões, foi acrescida de R$ 918.582.00, com a Secretaria de Saúde alegando que o dinheiro a mais correspondia a três dias do mês de setembro.
A pedra de possível favorecimento nos processos de escolha foi cantada bem antes pelo jornalista Ruben Berta em seu blog, mas os caciques da Secretaria Estadual de Saúde deixaram a coisa correr, e dessa forma o Organização Social Instituto de Desenvolvimento, Ensino e Assistência à Saúde vai ocupando espaço numa velocidade de fazer inveja ao ex-rei do Rio, o empresário Mário Peixoto, que está em prisão domiciliar.
*O espaço está aberto para manifestação da Secretaria Estadual de Saúde.
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