Organização Social que vai administrar o hospital de campanha de Nova Iguaçu diz que cobra mais barato, só que não

Elizeu Pires

A unidade vai funcional com 150 leitos, sendo 60 de UTI, diz o governo estadual

A Secretaria Estadual de Saúde deverá confirmar nesta quinta-feira (1) a escolha do Instituto de Desenvolvimento, Ensino e Assistência à Saúde (Ideas) para administrar o hospital modular de Nova Iguaçu, que será aberto do próximo sábado. A Organização Social é uma das três instituições ditas “sem fins lucrativos” que atenderam ao edital de chamamento público, sendo classificada em primeiro lugar, com uma proposta teoricamente abaixo do orçamento de R$ 50,7 milhões apresentado pela SES, mas, na prática, mostrou em primeira mão o jornalista Ruben Berta em seu blog, a coisa é bem diferente: mais barato, só que não.

Concorreram para gerir o Hospital Estadual Ricardo Cruz – nome de “batismo” da unidade voltada para os pacientes de Covid-19 –, além do Idea, o Instituto Solidário e a Associação Mahatma Gandhi, que foi inabilitada. Para que a OS Ideas seja declarada vencedora do processo, ainda é necessário julgar um recurso do Instituto Solidário, que apresentou vários questionamentos, o que deverá acontecer hoje.

Números esquisitos – A Organização Social Ideas se propõe a administrar o hospital pelo total de R$ 44 milhões, mas embora a proposta válida por seis meses esteja R$ 6 milhões a baixo do valor global estimado pela Secretaria Estadual de Saúde, há uns números bastante questionáveis nessa conta, conforme deixou bem o claro jornalista Ruben Berta em sua matéria (https://blogdoberta.com/2021/03/31/por-que-orcamentos-hospital-modular-de-nova-iguacu-pecas-ficcao/).

Berta cita, por exemplo, que a OS apresentou gasto menor com pessoal, mas carregou a mão em outros itens da planilha. Em relação a pessoal o governo do estado orçou R$ 36,6 milhões, incluindo nessa conta salários, encargos, benefícios e rescisões, enquanto o Ideas, mesmo incluindo um item que não consta no orçamento do estado, fechou a conta de pessoal em R$ 25,1 milhões.

Porém é agora que a porca torce o rabo, pois a OS mandou ver em alguns itens da planilha, como por exemplo na previsão de gastos com gases medicinais. Enquanto a SES orçou isso em R$ 148 mil, o Ideas lançou a despesa em R$ 540 mil, e dobrou a estimativa dos gastos com material médico-hospitalar, laboratorial e medicamentos, que saltaram de R$ 3,3 milhões na conta do governo estadual para R$ 7,8 milhões na planilha da OS.

*O espaço está aberto para manifestação da Secretaria Estadual de Saúde e da OS Ideas.

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