● Elizeu Pires
Em setembro de 2018, ao firmar um contrato de R$ 23,9 milhões com a Secretaria de Educação de Nova Iguaçu para o fornecimento de gêneros alimentícios às escolas da rede municipal de ensino, a empresa Juliana Terto do Nascimento Refeições constava como sediada na Rua Jorge Nanhay, Lote 26, Casa 2, na comunidade de São Mateus, uma área apontada como de risco, em São João de Meriti. Só que por lá, de acordo com moradores da via, “ninguém nunca ouviu falar nesse nome”.
Em maio de 2020, quando foi assinado um contrato no total de R$ 3,5 milhões com a Secretaria de Assistência Social de Seropédica, o endereço fornecido como sendo da Juliana Terto – que depois teve o nome alterado para Nutri Foods -, foi a sala 108 do número 219 da Rua Pedro Álvares Cabral, em Nilópolis, mas o que funciona no imóvel apontado é um escritório de contabilidade.
Já em março deste ano, quando foi homologada a renovação do contrato com a Prefeitura de Nova Iguaçu pelo valor global de R$ 24,1 milhões – já com o nome Nutri Foods Refeições, mas o mesmo CNPJ -, o endereço fornecido como sede da empresa foi o Lote 9 da Avenida Joaquim da Costa Lima, S/Nº, comunidade do Wona, em Belford Roxo, onde também não se tem noticia do funcionamento de uma firma desse porte no local.
Quatro meses depois, no ato de assinatura do contrato 028-A/2021, firmado no dia 14 de julho com a Prefeitura de Magé, por R$ 26,2 milhões, foi dada como sede a sala 203 do prédio 138 da mesma Pedro Álvares Cabral, em Nilópolis, mas o que se vê por lá é um espaço vazio.
Para uma empresa que aparece no cadastro junto à Receita Federal com capital social de R$ 4 milhões, uma sala pequena ou qualquer outro espaço em áreas classificadas como de risco, já causa bastante estranheza, percepção que descamba para a suspeita quando o último endereço fornecido é o de uma sala vazia.
Mas não é só isso: o que se comenta nos corredores do poder na região é de que a fornecedora de merenda escolar teria um dono oculto, já que quem assina por ela hoje residiria numa casa simples do bairro Cabuis, um imóvel nada condizente ao padrão de vida do qual poderia desfrutar um empresário que controla uma firma que, entre 2018 e 2021, assinou com municípios da Baixada Fluminense contratos que somam mais de R$ 150 milhões.
Como os itens contratados tem sido entregues, e os contratos cumpridos, o que se pergunta é: Onde está sediada a empresa? Onde fica seu depósito, já que o que fornece é volumoso?
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