Admitido inicialmente na função de digitador, dono de OS enquadrada pelo Tribunal de Contas, mandava na Secretariade Saúde de Silva Jardim

 ● Elizeu Pires

Dono de uma OS com contratos milionários firmados com as Prefeituras de Cachoeiras de Macacu, São Gonçalo, Saquarema e Santa Maria Madalena, o empresário Matheus Rodrigues da Costa Neto esteve na folha de pagamentos da Prefeitura de Silva Jardim até dezembro de 2020, recebendo salário como digitador efetivo, função na qual fora admitido em fevereiro de 2000.

Matheus, que já foi vice-prefeito e secretário de Saúde em Rio Bonito, aparece na receita federal como dono Organização Social (OS) Projeto Social Cresce Comunidade Prima Qualitá, que na semana passada foi afetada por uma decisão do Tribunal de Contas do Estado, que determinou a suspensão de pagamentos a ela relativos a contratos suspeitos de irregularidades, firmados pela OS com três empresas, cujos donos ou representantes tiveram ou ainda tem ligações com a Prima Qualitá ou seu controlador.

Na decisão a conselheira Mariana Montebello Willeman determina o “não reconhecimento de despesas e a interrupção imediata de pagamentos à Organização Social (OS) Projeto Social Cresce Comunidade – Prima Qualitá destinados a contratações com suspeitas de irregularidades”, esses firmados com a empresa Bozza e Guerra Consultoria e Serviços, o escritório Moraes e Matos Advogados, e a Ssantana Comércio de Veículos e Serviços.

Digitador poderoso – Pelo que consta no sistema da Prefeitura de Silva Jardim, Matheus Neto foi admitido pela Secretaria de Saúde como digitador em fevereiro de 2000, tendo recebido a matrícula 22292/1, e o último salário que aparece no sistema como pago a ele refere-se a dezembro de 2020, com valor líquido de R$ 1.321,31, mas ele já ganhou muito mais que isso.

Em 22 de março de 2019, na matéria Um digitador poderoso em Silva Jardim, foi revelado que servidores da rede municipal de Saúde reclamavam de que Matheus – então subsecretário da Pasta –, estaria mandando mais que a então prefeita Maria Dalva Silva do Nascimento e a titular da pasta Vanessa Pintas.

Matheus operou em Silva Jardim também durante a gestão do prefeito Anderson Alexandre e tentou influenciar nas ações da Secretaria de Saúde de Nova Iguaçu a partir de 2017. Ele levou para a Baixada Fluminense pessoas – que como ele – integravam a equipe do então prefeito de Rio Bonito, José Luiz Antunes. Para Nova Iguaçu foram Isaias Class de Figueiredo, Leandro Weber e Glauco Moraes Azevedo, mas o reinado durou pouco.

Isaias, por exemplo, foi secretário de Desenvolvimento Urbano de Rio Bonito, depois de uma passagem pela Secretaria de Obras de Silva Jardim. Leandro foi procurador em Rio Bonito e teve um cargo de assessor jurídico em Silva Jardim, enquanto Matheus chefiava a Secretaria de Planejamento. Já Glauco foi presidente da Comissão de Licitação e secretário de Administração em Silva Jardim até ser afastado por decisão da Justiça em um processo por fraude em processo licitatório ajuizado pelo Ministério Público.

*O espaço está aberto para manifestação das instituições e pessoas citadas na matéria

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