Comissão de “ética” da Alerj salva deputada denunciada pelo MP por organização criminosa

● Elizeu Pires

Na última segunda-feira (17), a Procuradoria-Geral de Justiça denunciou a deputada estadual Lucia Helena Pinto de Barros, a Lucinha (foto), e sua ex-assessora parlamentar, Ariane Afonso Lima. Elas são acusadas pelo Ministério Público de integrarem o núcleo político de uma organização criminosa, o “Bonde do Zinho”, milícia também conhecida como “Tropa do Z” e “Família Braga”. Porém, ao que parece, para os nobres titulares da Comissão de Ética da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, isso nada significa: agora há pouco o processo ao qual ela respondia na Casa por quebra de decoro parlamentar foi arquivado, uma vitória já prevista, conforme foi antecipado na matéria Aposta nos ambientes de poder é de que Lucinha conseguirá manter sua cadeira na Alerj mesmo que relator se posicione pela cassação.

“Em múltiplos episódios, constata-se a clara interferência das denunciadas na esfera política, junto a autoridades policiais e políticas, ora para favorecer os interesses da organização criminosa, ora para blindá-la das iniciativas estatais de combate ao grupo e ora para livrá-los de ações policiais, garantindo a impunidade dos seus integrantes”, diz o um trecho da denúncia apresentada contra a deputada na Justiça.

Na ação proposta, a Procuradoria-Geral de Justiça diz que as denunciadas interferiram politicamente em favor dos criminosos e favoreciam o grupo com informações sobre a agenda de visitas do prefeito Eduardo Paes aos bairros da Zona Oeste, para que os milicianos retirassem seus integrantes das ruas das localidades dominadas por eles.

Ainda de acordo a denúncia assinada pelo procurador-geral Luciano Mattos, Lucinha teve encontros como o miliciano Domício Barbosa de Souza, conhecido como Dom, na Assembleia Legislativa, e a assessora dela chegou a pedir que fizessem um crachá para facilitar o acesso dele à Casa.

“No curso dos diálogos, foi possível verificar que Domício e a denunciada deputada Lucinha e/ou sua assessora parlamentar, a denunciada Ariane, marcaram encontros e efetivamente se encontraram pessoalmente em pelo menos dezessete oportunidades documentadas. Mantendo a média de, ao menos dois encontros mensais no período mencionado, e alguns desses encontros contou com a presença de outros integrantes da malta, notadamente Luiz Antônio da Silva Braga, o “Zinho”, apontado como chefe da associação criminosa ora sob apuração”, pontua outro trecho da denúncia.

*O espaço está aberto para manifestação da Assembleia Legislativa

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