Uma prefeitura “mal-assombrada”

Auditoria do TCE encontra 1001 funcionários fantasmas em Nova Iguaçu: 865 na Secretaria de Governo e 137 na de Educação

Um ano e quatro meses após denúncia veiculada pelo jornalista Elizeu Pires, dando conta da existência de cerca de 1.200 funcionários fantasmas na Prefeitura de Nova Iguaçu – a maioria de indicados pelos vereadores do bloco de sustentação ao prefeito Lindberg Farias, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) realizou uma auditoria e detectou que a sede do poder Executivo municipal é mesmo mal-assombrada. A auditoria foi feita pelo TCE no período de 21 de maio a 11 de julho de 2008, comprovou a existência de várias irregularidades na gestão do prefeito Lindberg Farias (PT), incluindo a existência de 865 funcionários fantasmas, todos lotados na Secretaria de Governo. Os  inspetores Alcir Dias de Souza e José Mota da Silva Filho constaram que na Prefeitura “trabalhavam” 1.002 “espectros”. Os auditores do Tribunal de Contas afirmam que os “fantasmas” não apareciam na secretaria nem para pegar os contracheques e seus pontos eram atestados pela chefe de gabinete do prefeito, Maria José Andrade.

De acordo com o relatório final da inspeção especial ao qual o elizeupires.com teve acesso na última sexta-feira, dos mais de mil servidores apenas 35 assinaram ponto regularmente e 13 estavam em “expediente externo” durante a verificação feita pelos técnicos na Secretaria de Governo, que na época tinha como titular o professor Paulo de Tarso Monteiro de Barros, conhecido com Paulinho do Leopoldo.

A constatação de que 865 pessoas receberam salários da Prefeitura sem trabalhar está relatada em quatro das 103 paginas do relatório da inspeção especial. Na página 35 do documento os inspetores escreveram: “…chega-se ao quantitativo de 865 servidores comissionados (nomeados em cargos de confiança) que, em momento algum comprovamos a existência, eis que não foram encontrados em setor algum da Semug – mesmo porque não haveria espaço físico para isso – nem obtivemos qualquer justificativa sobre seus paradeiros. Ainda assim, suas frequências são atestadas mensalmente pela Sra. Maria José de Andrade, chefe de gabinete do prefeito”.

Também na Educação

A Secretaria de Governo não é o único setor “mal-assombrado” da Prefeitura de Nova Iguaçu. Os inspetores do Tribunal de Contas verificaram também a existência de funcionários fantasmas também na Secretaria Municipal de Educação, onde 137 pessoas receberam salário durante o mês de maio sem terem frequência comprovada em um dia sequer.

O setor era comandado pela vereadora Marli de Freitas (PT), que escapou de ser multada pelo TCE porque dois meses antes da inspeção ela deixou o cargo de secretária e retornou à Câmara para poder disputar a reeleição.

Pelo pagamento aos “fantasmas” o Tribunal de Contas multou o substituto de Marli, Mario Medeiros de Farias e a então gerente do Departamento Administrativo da Semed, Patrícia da Silva Santos, que terão de ressarcir os cofres da municipalidade em R$ 203.346,86.

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