● Elizeu Pires

Na minha infância feliz, lá no meu universo chamado Mirai, vivi grandes aprendizados. Aprendi com a austeridade do professor Álvaro, com o brilho espiritual de dona Marieta, com as lambadas do cinto do meu pai e, principalmente, com a dedicação das professoras Maria Ester Miranda, Maria do Carmo, Maria Celeste e Maria das Graças Loures Esperança.
Porém, verdadeiras lições de vida me foram dadas por um jardineiro, o funcionário público que cuidava dos jardins da pracinha existente em frente ao prédio da Prefeitura, fazendo da sua, a função mais nobre.
Nunca soube o nome completo do homem que dispensava um carinho todo especial à pracinha que meus olhos de menino sonhador viam como um bosque encantado. Sei apenas que ele chamava-se Osório e a molecada o “batizara” de “Sr. Osorinho”, por ser ele só um pouquinho mais alto que os meninos que como eu faziam daquela praça o local preferido nas tardes miraienses.
Para mim o trabalho do “Sr. Osorinho” era mais importante que o do prefeito. Superior até aos ofícios religiosos do sisudo padre Ernesto. Vereador eu não conhecia nenhum, mas o “Sr. Osorinho” eu sabia até onde morava…
Deixei a cidade aos oito anos de idade. Estudei, me graduei em jornalismo, ganhei o mundo, mas jamais esqueci o jardineiro que era, para mim, maior que qualquer político ou doutor da cidade.
“Sr. Osorinho” era tão dedicado que hoje, acredito, deve estar cuidando dos majestosos jardins celestiais.