
Com o mensalão e a compra da refinaria de Pasadena, pela Petrobras – um roubo monstruoso e um assalto à inteligência dos brasileiros que ousam discordar deles -, os caciques petistas banalizaram a corrupção, velha conhecida no Brasil e alhures, agora desimportante na visão dos próprios banalizadores, que precisam impor essa ótica para continuarem saqueando os cofres públicos sem que o povo que neles vota os tenha como os malfeitores que são. Lançada a corrupção no lugar comum das coisas sem importância, o esforço nesse sentido agora é contra o direito de protestar, a manifestação livre garantida a todos nesse estado democrático de direito. Sim, agora estão banalizando as manifestações e elas, sejam lá contra ou a favor do que forem, também tornaram-se desimportantes, porque em vez de instrumento de defesa dos direitos da sociedade, viraram-se contra a sociedade, pois os manifestantes nunca miram o alvo certo e o vandalismo cuida de destruir o que encontra pela frente, inclusive a legitimidade dos atos de protesto.
No país da banalização os sindicatos passaram a promover greve por qualquer coisa, mas sempre a fazem conta o povo. Os rodoviários e metroviários estarão em movimentos legítimos quando respeitarem as regras do jogo democrático e não partirem para a ilegalidade, abusando da ilegitimidade. No Rio de Janeiro, por exemplo, as greves dos professores nunca dão os resultados positivos exatamente por conta da banalização. As paralisações da classe são tão banais quanto previsíveis. Todo ano tem uma ou duas. Já fazem parte do calendário oficial da cidade e só os alunos (o povo) saem prejudicados.
Nas manifestações que ganham as ruas do país desde o ano passado, quando um desses bobões mascarados quebra um carro particular, incendeia um ônibus, uma loja, uma agência bancária ou danifica o patrimônio público, ele não está fazendo bem algum para a sociedade. Está apenas se confessando bobo e covarde. Bobo porque o seu ato não atingiu ninguém do governo contra o qual diz estar protestando e, covarde, porque não tem coragem de mostrar a cara.
Estamos vivendo agora a previsível onda de protestos contra a realização da Copa do Mundo da FIFA no Brasil. Ótimo! É um direito sagrado, mas eu não posso, por ser contra o evento, tentar impedir que o meu vizinho chegue ao estádio para ver o jogo depois de ter pago caro por um ingresso. Ele tem o direito de ver a partida, de torcer pela seleção brasileira ou contra ela e, eu, você ou qualquer outro manifestante de plantão não podemos fechar a rua para ele não passar.
Protestemos, sim, mas sem dar motivos para que os inimigos da democracia, da liberdade de expressão possam nos classificar como marginais. Tiremos a máscara, mostremos a cara, deixemos o anonimato para eles, pois eles sim tem razões de sobra para se esconderem e fazem isso da forma mais eficaz do mundo: travestidos de autoridades.
Que tal pararmos um minutinho hoje para refletir sobre isso? Bom feriado a todos. Eu volto amanhã, às 8h em ponto, se o Grande Pai assim me permitir.