Pobreza sustenta o mercado de compra e venda de votos na Baixada

Eleitores de Japeri, Belford Roxo e Magé sãos os “fornecedores” mais baratos

Acrescentar uns quilinhos de arroz e feijão a mais às compras do mês, para não falar em algumas latinhas de cerveja, doses de cachaça ou a garantia de um cigarro menos ruim no dia da eleição, está acima de qualquer padrão moral ou legal para aqueles que fazem do voto uma mercadoria, barata o suficiente para poder ser comprada aos milhares pelos exploradores da miséria humana, as hienas da podridão política que envergonham o Brasil perante o mundo inteiro. É isso que revela uma pesquisa social feita pelo Instituto Executivo de Comunicação em municípios da Baixada Fluminense, o maior mercado de compra e votos do estado do Rio Janeiro, graças aos bolsões de pobreza e ao analfabetismo político.

Juridicamente falando, na compra e venda de votos são dois corruptos no mesmo negócio, o que vende e o que compra. Entretanto, aponta a pesquisa, a questão é muito mais séria que isso e, sociologicamente dizendo, o gesto de vender o voto, seria – na visão dos vendedores – o único jeito que o eleitor desses bolsões de pobreza tem para tirar alguma coisa do político que só aparece no período de eleições e, às vezes, nem isso, já que há sempre um cabo eleitoral para fechar o negócio sujo, fazendo de bairros periféricos de cidades como Japeri, Belford Roxo e Magé, os melhores para conseguir voto garantido por módicos R$ 50.

O esquema de compra de votos é iniciado antes mesmo das convenções partidárias e já está rolando solto em Japeri, Belford Roxo e Magé, com os agenciadores recolhendo dados sobre os eleitores e cópias de títulos, sob a alegação de recrutar voluntários para trabalharem para determinados candidatos no dia eleição, fazendo “boca de urna”, um crime eleitoral. A proposta, entretanto, é para um crime mais grave ainda: votar em fulano, cicrano ou beltrano e receber uma merreca por isso

No município de Japeri, por exemplo, o mais pobre da Baixada Fluminense, 32% dos cerca de 100 mil moradores vivem abaixo da linha de pobreza, 57% dentro dessa margem e 11% são considerados de classe média. Nas eleições gerais de 2010 compareceram às urnas 52.716 dos 64.221 eleitores aptos naquele ano e a noticia quer se tem é de que a compra de votos foi vergonhosa naquele pleito, com o município deixando de ter verdadeira representatividade parlamentar.

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