Se preparou para pagar só R$ 30 pela “boca de urna” e se deu mal
De acordo com recente pesquisa social feita pelo Instituto Executivo de Comunicação, “quanto mais pobre a população, mais barato é o voto”, mas tem comprador inflacionando o mercado, dificultando a vida dos concorrentes com menor recurso financeiro para a campanha. No município de Japeri, por exemplo – um dos três maiores mercados de compra e venda de votos da Baixada Fluminense – teve candidato que entrou na disputa em 2012 achando que seria eleito vereador com o mínimo de 800 votos, se preparou financeiramente para isso e acabou ficando sem nada: obteve bem menos da metade dos votos que julgou necessário, mesmo gastando R$ 150 mil no dia da eleição, pagando R$ 30 por voto.
Fulano de Tal não esconde dos parentes e amigos que vendeu um carro, uma casa, pegou dinheiro emprestado com um agiota da região, se capitalizou com R$ 180 mil e caiu dentro. Ele acreditava que por si e com ajuda dos familiares e amigos teria “uns 300 votos” e que se pagasse “umas 500 bocas de urna” estaria eleito. Nas “bocas de urna” ele investiu R$ 150 e R$ 30 mil foram usados em dois meses de campanha. Perdeu tudo e hoje reclama da “concorrência desleal”. Ele diz que o mercado é muito concorrido porque os de maior posse pagam R$ 50 pela “boca de urna” e há até quem pague R$ 80 na cidade mais pobre da região.
O candidato fez a estimativa certa quanto ao total de votos que precisaria para tornar-se vereador, pois três membros da Câmara Municipal conseguiram se eleger com menos de 800 votos (José Valter de Macedo 795; Márcio José Russo Guedes, 783 e José Luiz Carvalho da Costa 643), mas se enganou na quantidade de “bocas de urna” que precisaria contratar. É que os especialistas desse mercado trabalham com uma estimativa de perda de 40%, com apenas 60% dos eleitores entregando a “mercadoria” vendida. Nesse caso Fulano de Tal precisaria investir mais R$ 60 mil no dia da eleição, fechando a conta com 700 “bocas”, se é que seu potencial de votos gratuitos tenha sido estimado dentro da realidade.
Esse Fulano comprou e se deu mal, mas muitos se deram bem pagando cinquentinha. É por isso que a nossa cidade é um lixo.
A compra de votos aqui em Japeri é generalizada. E já está em pleno andamento, agora para deputado. Depois será novamente para vereador e prefeito. Assim vai caminhando a humanidade.