Servidores efetivos que pediram investigação de atos da presidência substituem carta e as confissões de assessores que devolveram dinheiro durante dois anos são ignoradas
“Alguém vai ter que morrer”. A afirmação feita pelo vereador Adair Abreu de Souza, o Kinha, recentemente no plenário da Câmara de Casimiro de Abreu passou em branco. Seus pares não o interpelaram quando ele, ao microfone, falou que pedia a Deus para não aparecer uma gravação dele na Justiça, pois “alguém teria que morrer”. Assim como se omitiram nesse caso, os membros do Legislativo local não deram a mínima importância a uma carta entregue por servidores que renunciaram as funções de confiança que ocupavam e denunciaram possíveis irregularidades atribuídas ao presidente da Casa, Alessandro Macabu, o Pezão. A carta acabou substituída por outra, mas as denúncias continuaram e em tom ainda mais grave, expressas em gravações de ocupantes de cargos comissionados confessando que nos últimos dois anos vinham devolvendo a maior parte do que recebiam, entregando o dinheiro ao chefe de gabinete da presidência, para esse repassar ao presidente. Apesar da firmeza dos assessores, os vereadores não deram um passo sequer no sentido de, pelo menos, tentarem esclarecer a situação. O que se fala nos corredores do poder é quem ninguém na Casa teria moral para apontar o dedo.
Em contato ontem com o elizeupires.com, um servidor afirmou que o clima é de muito medo e tensão e que as pressões sobre os funcionários está sendo muito forte. “As gravações que foram divulgadas na semana passada abalaram a todos na Câmara. Não importa se o vereador é da situação ou oposição, o que parece é que estão todos com medo que uma investigação por parte do Ministério Público se transforme em rolo compressor e passe por cima de todo o mundo. Não há mais clima para o Pezão continuar comandando a Câmara e realmente temos medo, pois somos o lado mais fraco”, disse o servidor.
De acordo uma fonte ligada ao poder no município, se depender dos vereadores nenhuma denúncia sobre as ações do presidente da Câmara será investigada, pois, de certa forma, a maioria, senão todos os membros da Câmara, será atingida. “O Pezão achou que era dono da situação e tentou encurralar o prefeito Antonio Marcos com aquela lei fajuta. Se deu mal e agora quem pode ficar sem o cargo de presidente e possivelmente até sem mandato é ele. Basta que o Ministério Público convoque os assessores que fizeram a confissão gravada e esses confirmem o que disseram na gravação para o Pezão cair do cavalo. Eu, se fosse ele, renunciaria a presidência”, completou a fonte.
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