Acusado de improbidade administrativa e beneficiado com a rejeição da denúncia formulada contra si por seus pares, o vereador Bruno Miranda agora estaria retribuindo o favor saindo em defesa do presidente da Câmara Municipal de Casimiro de Abreu, Alessandro Macabu de Araújo, o Pezão. De acordo com novas gravações que surgiram na semana passada e deverão ser encaminhadas ao Ministério Público nos próximos dias, Bruno teria pressionado os servidores que entregaram uma carta lida em plenário no dia 11 de maio com denúncias contra Pezão, para esses redigirem um novo documento, retirando as denúncias.
Em uma das gravações a servidora Elsy Myrian Pantoja revela que Bruno a procurou e teria afirmado que se ela não fizesse uma nova declaração desmentindo a anterior (também gravada), na qual denuncia que devolvia parte do que recebia como ocupante de uma função gratificada, seria instalada um inquérito administrativo e ela seria exonerada, uma vez que é funcionária efetiva do Poder Legislativo. “O Bruno disse ou você grava um vídeo ‘desdizendo’ aquele negócio da devolução de dinheiro ou a gente abre uma comissão administrativa e você será exonerada”, afirma Elsy.
Nas novas gravações está registrada ainda a confissão de uma servidora identificada apenas como Penha, que denunciara a devolução de R$ 600 todos os meses, dinheiro que, segundo ela, era entregue ao presidente. Na conversa ela afirma que se reuniu em sua casa com Pezão e outros servidores envolvidos nas denúncias. Ela declara que negociou com o presidente. “Eu fui muito franca e negociei a permanência de Jaiminho (um servidor afastado em cargo na Câmara)”, afirmou Penha. Ainda nessas novas gravações o próprio presidente da Câmara confessa que chamou os servidores para uma conversa. “Quando vi aquela movimentação chamei uns três ou quatro que estavam insatisfeitos e trouxe para perto”, diz ele.
Em algumas das conversas gravadas anteriormente (todas com conhecimento dos envolvidos) com os servidores que sabiam que estavam diante de uma câmera quando fizeram as denúncias de que devolviam dinheiro ao gabinete da presidência da Câmara assim que recebiam seus salários, o nome do chefe de gabinete do presidente, Jairo Macabu foi citado por dois funcionários, que afirmaram que entregavam a ele 70% do que recebiam. Agora acuado, Jairo teme pelo futuro. Diz que está sozinho, sem segurança e sem advogado. Ele também afirmou que o vereador Bruno Miranda está agindo para livrar Pezão de um processo de cassação. “O Bruno me ofereceu R$ 10 mil por mês”, concluiu Jairo.
Pezão e Bruno Miranda não foram encontrados para falarem sobre o assunto.
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