
O parlamentar declarou ser dono de 90% das cotas de empresa do grupo do posto de combustíveis que abastece a frota da Prefeitura e o pai loca ônibus para o transporte de alunos
De acordo com a legislação agentes políticos e seus parentes não podem ter contratos com o poder público em área de influência, mas o impedimento legal tem sido deixado de lado pela Prefeitura de Guapimirim, que mantém contratos com pelo menos duas empresas da família Barbosa Tavares, que tem um herdeiro no Poder Legislativo. A relação comercial, na visão de alguns membros da Câmara Municipal, compromete a atuação do vereador Alcione Barbosa Tavares, o Alcione do Posto (eleito pelo PSDC), filho do empresário Arly BarbosaTavares. Arly é proprietário da Viação Paraíso Verde e Alcione declarou à Justiça Eleitoral ser dono de 90% das cotas da firma Status Rio Auto Peças, do grupo que fatura alto na administração municipal. A Paraíso Verde faz o transporte de estudantes universitários e a Status Rio Serviços (Posto Status) fornece combustível para a frota da Prefeitura. Em dezembro do ano passado, por exemplo, a Paraíso Verde recebeu R$ 262.376,07 pela locação de ônibus e continua prestando o serviço.
Além de locar ônibus para o transporte de estudantes, a Paraíso Verde explora as linhas municipais, uma concessão pública cuja fiscalização tem de ser exercida pelo Poder Legislativo. Mas como a Câmara se comportaria numa ação fiscalizadora se um de seus membros tem interesses no negócio? Segundo a legislação, os agentes políticos não devem contratar ou indicar contratos com a administração municipal em favor próprio ou de parentes, mas, ao que parece, Alcione do Posto não vê nenhum problema no fato de sua família vender combustíveis para a administração a qual ele deveria fiscalizar e assim o negócio que lhe dá o “sobrenome” continua rendendo muito.
Com o nome fantasia de Posto Status, a empresa Status Rio Serviços está localizada na Estrada Rio-Teresópolis, em Parada Modelo. Fica entre outros dois postos de revenda de combustíveis que tem preços semelhantes ao do posto fornecedor. Isso provoca questionamentos sobre o processo licitatório nada transparente que gerou o contrato com a Status Rio, que tem ainda como vizinha a garagem improvisada dos ônibus que trazem no pára-brisa o aviso de que estão “a serviço da PMG”.
Essa relação comercial entre a família do vereador foi revelada em junho de 2013 pelo elizeupires.com e o prefeito Marcos Aurélio Dias não tomou nenhuma providência. Muito pelo contrário, pois o faturamento das duas empresas junto à Prefeitura até aumentou no ano seguinte. O prefeito Marcos Aurélio foi procurado ontem para falar sobre o assunto, a exemplo do que aconteceu em junho de 2013, mas não foi encontrado na Prefeitura.