O aliado de ontem e o adversário de amanhã

Marcio Catão e Wesley Pereira hoje são titulares

‘Namoro” entre prefeitos e vices dura pouco. ‘Relação’ quase sempre termina com um querendo tomar o lugar do outro

O sonho de todo reserva é ser titular um dia, mesmo que essa ascensão aconteça sobre a desgraça do dono da posição e essa máxima não vale apenas no esporte mais popular no Brasil, o futebol, mas também na política. É o que sugere o azedume que transformou as relações entre prefeitos e vice-prefeitos na maioria das cidades fluminenses, principalmente na região da Baixada, onde seis das 13 chapas vencedoras das eleições de 2012 estão divididas e outras duas os prefeitos foram apeados do cargo. Os vices alegam divergências políticas, mas quem acompanha de perto a realidade dos municípios sabe muito bem que o desentendimento se dá mesmo é pelo poder, pois na maioria das vezes o vice querem cargos importantes e mandarem tanto quanto os prefeitos, como se já não soubessem que ao comporem as chapas colocaram seus nomes para uma reserva e não para uma titularidade.

Nos municípios de Guapimirim, Magé, São João de Meriti, Mesquita, Belford Roxo e Paracambi prefeitos e vices já não sentam na mesma mesa nem trocam apertos de mão. Em Itaguaí o bancário Wesley Gonçalves Pereira passou a vislumbrar o poder logo no primeiro ano do mandato do prefeito Luciano Mota que, metendo os pés pelas mãos, facilitou bastante as coisas para seu companheiro de chapa. Luciano foi afastado temporariamente pela Justiça e depois teve o mandato casado pela Câmara de Vereadores. Na vizinha Seropédica o vice Zealdo Amaral faleceu no ano passado e há quem diga que a relação entre ele e o prefeito Alcir Martinazzo já não era tão boa, mas não se pode dizer que se vivo fosse estaria ocupando a cadeira de prefeito. “Se o Zealdo estivesse vivo duvido que o presidente da Câmara iria fazer essa pressão toda para tirar o Martinazzo (Alcir)”, disse um membro da Casa que não participou da sessão da última segunda-feira, quando o prefeito foi afastado, deixando a cadeira vaga para o vereador Wagner Vinícius de Oliveira, conhecido como Waguinho do Emiliano, sentar e ocupar um cargo que, a julgar pela rapidez com que tem feito o processo andar, é o seu “sonho de consumo”.

Em Guapimirim o prefeito Marcos Aurélio Dias enfrenta uma comissão de investigação na Câmara e não se pode dizer que – a exemplo do que ocorreu em Itaguaí e mais recentemente agora em Teresópolis – o vice esteja abanando o fogo, até porque tem um grupo de vereadores querendo que Wagj Faraht renuncie para o caminho ficar livre para o presidente da Câmara, André Azeredo, em eventual afastamento do prefeito, mas é fato que o relacionamento entre o prefeito de Guapimirim e o vice não é nada bom, assim como estava a relação de Arlei Rosa (prefeito afastado de Teresópolis) e o seu vice, o empresário Marcio Hastenreiter Catão, que desde o dia 19 governa a cidade serrana.

No município de Magé o empresário Claudio Ferreira Rodrigues, o Claudio da Pakera, compôs a chapa como vice duas vezes, mas desde o segundo semestre de 2013 cospe marimbondos em cima do prefeito Nestor Vidal, segundo ele, por divergências políticas, mas os partidários de ambos sabem que o motivo real é uma fatia maior do poder. “O Dr. Cláudio (é assim que o vice gosta de ser chamado) queria mais espaço no governo, mandar de verdade e não fazer apenas figuração. Acho que quem quer governar deve disputar a eleição como prefeito e não como vice”, diz um membro do PMDB mageense.

Em Belford Roxo também foi o olho grande no poder que afastaram o prefeito e o vice. O ex-vereador Douglas Cardoso Lima, o Douglas da ACR rompeu com o prefeito Dennis Dauttmam há quase dois anos e em São João de Meriti o vice João Dias Ferreira não gostou quando o prefeito Sandro Matos mudou de ideia e não renunciou ao cargo em 2014 para disputar uma vaga de senador. Sandro chegou a marcar uma reunião para o dia 2 de abril daquele ano para anunciar a renúncia, mas para ser o candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Luiz Fernando Pezão. A renúncia não aconteceu porque PMDB nunca havia pensando nessa composição e Ferreira achou que Sandro deveria sair para tentar uma cadeira no Senado e deixar a de prefeito para ele. O resultado é que os dois se bicam até hoje.

Já no município de Mesquita o prefeito Gelsinho Guerreiro e o vice Walter Paixão vivem às turras até hoje, também por causa de espaço no governo. Waltinho, como o vice é mais conhecido na cidade, diz que Guerreiro não cumpre acordo e este devolve dizendo que Paixão quer é vê-lo fora da cadeira, mesma situação verificada em Paracambi, onde o prefeito Tarciso Pessoa e o vice Guilherme Leal deixaram de falar a mesma língua desde o início do ano passado.

Essa é a situação que está clara em Guapimirim, Magé, São João de Meriti, Belford Roxo, Mesquita e Paracambi, mas isso não é nenhnuma garantia de que os demais prefeitos não possam estar convivendo como o “inimigo”.

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