Pente fino deverá ser passado nos contratos da Saúde firmados entre 2013 e 2014
O esquema de corrupção na Prefeitura de Mangaratiba investigado pelo Ministério Público a partir de denúncias formuladas por um ex-membro do governo, pode ser ainda maior. A fraude, que pode ter chegado a R$ 60 milhões segundo estimativa do MP, foi apurada em processos licitatórios de 2011 e 2012, mas há informações ainda sobre processos licitatórios supostamente superfaturados também em 2013 e 2014. Um deles, por exemplo, é sobre compra de medicamentos e equipamentos hospitalares e até relógios de ponto digital para serem instalados em postos de saúde. Nos dois últimos anos o município recebeu mais de R$ 105 milhões em repasses do governo federal, boa parte desse dinheiro para o setor de Saúde. Foram R$ 48.839.579,96 em 2013 e R$ 56.550.172,06 no ano passado.
“Se as investigações se estenderem pelos dois últimos anos poderão ser descobertas muito mais coisas. Os contratos de fornecimento para o setor de saúde precisam ser passados a limpo”, disse ao elizeupires.com uma fonte que trabalhou no governo e apontou vários itens superfaturados. “O que eu vi de errado eu comuniquei ao Evandro Capixaba, que confiava demais em seus secretários. Ele não é nenhum santo, mas muita gente enfiou o pé na jaca. Me lembro que teve um pregão para compra de abadás e o preço chegou a R$ 26 por unidade, quando o valor de mercado era R$ 5,90”, completou a fonte.
Ainda segundo a fonte, em 2013 foi decidido que todas as licitações da Secretaria de Saúde para 2014 seriam feitas de uma vez e que os itens todos somaram o total de R$ 32 milhões, mas caiu bastante depois de uma nova cotação. “Gastei muito tempo refazendo tudo e cheguei a conclusão de que o município poderia economizar pelo menos uns R$ 10 milhões fazendo as mesmas aquisições. Comuniquei isso ao prefeito e acabei atraindo a ira de muita gente. O secretário de Comunicação (Roberto Pinto dos Santos), por exemplo, me detestava, porque consegui mostrar ao prefeito que o preço dos abadás era muito menor. A compra acabou fechada em R$ 8 por unidade, mas para reduzir o preço acabaram dobrando o volume para 30 mil unidades. Alertei o prefeito novamente e o secretário ficou com mais raiva ainda. Como vi que a coisa ia de mal a pior acabei pedindo para sair e as coisas acabaram dando nisso aí que o Brasil inteiro já tomou conhecimento”, concluiu a fonte.
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