Empresas faturam alto na Baixada alugando o que não tem

Em Nova Iguaçu “latas velhas” circulam com a logomarca do governo municipal. Prestam serviços à Codeni e à Emlurb, órgãos da Prefeitura

Elas vencem licitações, assinam contratos milionários e depois alugam os equipamentos para relocarem para as prefeituras. Serviço poderia custar menos se os municípios optassem por empresas mais estruturadas. Em Gaupimirim ex-prefeito, junto com seis firmas, foi condenado a devolver R$ 42 milhões

A empresa GM Fonseca 6768 Comércio e Distribuidora não é a única sem frota de caminhões ou máquinas a firmar contratos volumosos com prefeituras da Baixada Fluminense, onde só os municípios de Nova Iguaçu, Nilópolis, São João de Meriti, Mesquita e Queimados gastam cerca R$ 40 milhões por ano com a prestação desses serviços. Alguns contratos assinados para essa finalidade na região e no interior estão sob investigação do Tribunal de Contas do Estado, que no ano passado apontou várias irregularidades na locação desses equipamentos em Guapimirim. Em São João de Meriti a administração municipal terá de explicar como homologou o contrato com a GM Fonseca, se essa não oferecia nenhuma garantia, pois, como o seu próprio representante afirmou, não tinha capital de giro para assegurar a prestação do serviço. A Prefeitura terá de esclarecer ainda com quantos terceirizados a GM operava e onde as maquinas e os caminhões caçambas locados atuaram no período em que a empresa foi paga, além de quanto cada equipamento efetivamente custou.

Em Nova Iguaçu, por exemplo, o que mais se vê nas ruas são caminhões caindo aos pedaços, todos alugados pela Prefeitura através da Companhia de Desenvolvimento de Nova Iguaçu (Codeni) e da Empresa Municipal de Limpeza Urbana (Emlurb). Os cacarecos, alguns com o licenciamento anual vencido, são vistos circulando nos bairros periféricos e até mesmo no centro da cidade. Quanto eles custam de fato só Deus sabe, pois a falta de transparência impede que o contribuinte saiba o que está pagando e quem está recebendo pelas locações dos ferros-velhos ambulantes.

No dia 8 de abril do ano passado o ex-prefeito de Guapimirim  Renaro da Costa Melo Junior, o Junior do Posto, foi condenado pelo Tribunal de Contas – junto com seis empresas – a devolver R$ 46 milhões aos cofres públicos devido à irregularidades verificadas em vários contratos. Entre as empresas estão a Marcterra Terraplanagem e Construções e Transportadora Unidos de Guapi, que locavam máquinas e caminhões ao município. De acordo com o TCE, ao fazer a prestação de contas dos gastos com esses contratos, a Prefeitura não provou que os serviços contratados foram efetivamente prestados.  Por dois contratos para locação de caminhões e máquinas pesadas o total a ser devolvido, segundo o TCE, passa de R$ 32 milhões: R$ 27.276.808,71 do contrato com a Macterra e R$ 4.671.400,64 pagos a unidos.

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