
Agentes da Guarda Municipal são tratados com descaso por uma gestão que torrou dinheiro público com a Tesloo e a Obra Social São João Batista, pagando até quatro vezes além do que o profissional contratado recebia de fato
Formada por 51 agentes efetivos, a Guarda Municipal de Guapimirim está pedindo socorro. O governo, que se não fosse uma ação movida pelo Ministério Público estaria pagando hoje R$ 4 mil mensais à Obra Social São João Batista (antiga Tesloo) por uma merendeira que, de fato, não receberia mais que R$ 900, é o mesmo que exige muito dos servidores efetivos e não dá nada em troca. No acaso dos guardas a Prefeitura paga a eles apenas R$ 1.100 (sem o desconto previdenciário) e não oferece alimentação nem nos plantões. Os que podem levam comida de casa, mas há quem nem isso tem condição de fazer. “Muitos de nós tem filho para sustentar e às vezes fica sem almoço para não deixar faltar em casa”, diz um agente explicando ainda que a categoria também não conta com auxilio transporte.
Além do salário baixo e da inexistência de benefícios, os agentes sofrem com a falta de condições de trabalho. As viaturas são verdadeiras sucatas ambulantes e as dependências do que eles chamam de `Quartel General´ mostram o descaso de uma administração para com os que estão a seu serviço. Os banheiros são precários e o espaço, em um todo, insalubre. “Temos que dar nosso jeito para ir trabalhar e levar comida de casa quando se tem. Porque nem todos servidores tem o que levar para almoçar e jantar. Imagina sustentar uma família com R$ 1.100, sem contar o desconto do INSS. Foram cortadas as horas extras e estão compensando as horas extras acumuladas em banco de horas. Não temos nenhuma condição de trabalho, viaturas estão sem condições de uso”, completa o agente.
De acordo com os integrantes da corporação, o prefeito Marcos Aurélio Dias vem indeferindo todos os pedidos feitos em relação ao adicional de periculosidade, que é garantido por uma lei federal. Se os agentes da Guarda Municipal têm motivos de sobra para reclamar, os apadrinhados nomeados em cargos comissionados não podem se queixar de nada. A maioria não precisa cumprir carga horária e ganha bem mais que aqueles que precisam dar duro todos os dias.
Que a crise é real e que a cada mês entra menos dinheiro nos cofres do município ninguém discute, pois é fato no Brasil inteiro, mas mesmo assim, em abril deste ano, quando a queda nos repasses federais já chegava a 40%, o prefeito de Guapimirim lançou um edital de licitação para contratar, possivelmente através da mesma Obra Social São João Batista (sucessora da Casa Espírita Tesloo) 960 profissionais a valores superfaturados, segundo apontou uma investigação do Ministério Público, que apurou, por exemplo, que o município iria pagar R$ 4.776,96 por cada jardineiro, R$ 5.084 por um pedreiro e R$ 5.552 por um técnico em edificações, profissionais que, não receberiam nem R$ 2 mil mensais.