Crise faz “amor” sair pela janela em Itaboraí

Helil e Audir trocaram “juras de amor” na cerimônia de posse

Vice deixa o governo disparando, mas não renuncia. O que era bom no tempo das vacas gordas agora já não presta

O vice-prefeito de Itaboraí demorou três meses para descobrir que a gestão do prefeito Helil Cardoso (PMDB) era ruim para o município. Em carta pública Audir Santana anunciou o rompimento com o então aliado e deu a entender que é pré-candidato à sucessão, o que sugere que o “divorcio” é meramente por interesse político. Médico, Audir – que acumulava com a função de legista do Instituto Médico Legal os cargos de secretário de Desenvolvimento Social e secretário Esporte – saiu atirando: “… rompo com esse governo inimigo do povo e amigo somente dos empresários, mas sigo nas ruas e na luta pelo meu, pelo seu, pelo nosso sonho de uma Itaboraí melhor para todos”. Em resposta, também por carta pública, o prefeito foi irônico ao sugerir que o vice pulou do barco porque o município passa por um momento difícil, uma crise que reduziu as receitas em 50%, obrigando a administração a fazer vários cortes, incluindo demissões de terceirizados e contratados: “Na vida, poucas são as relações que resistem às adversidades. Isso vale para tudo: amizades, casamentos, sociedades, política. E também para o meu (agora ex) vice Audir Santana. É como o diz o ditado: “Quando a necessidade entra pela porta, o amor sai pela janela”.

 

A carta que Audir fez questão que fosse publicada, enviando-a para redações de jornais e sites de notícias, pode ter causado o efeito desejado junto os demitidos e seus familiares, mas para lideranças comunitárias e até mesmo opositores do prefeito soou como mensagem de oportunismo político, uma ação direta de quem estaria apenas de olho nos votos que poderá vir a conseguir entre os 1537 demitidos em dezembro. “Ficar sabendo de diversas covardias contra a população, má utilização de dinheiro público e contratações questionáveis, já me indignava profundamente; mas reduzir o salário de quase todos os servidores (quase todos porque alguns servidores próximos e escolhidos continuam recebendo integralmente seus salários) me levou ao limite da tolerância”, estendeu Santana.

Outra vez irônico, Helil afirmou em sua resposta que a atitude do vice não o surpreendeu: “Eu o compreendo. Sei bem como é difícil para um político tomar decisões impopulares, ainda mais em ano eleitoral: demitir, reduzir salários, cortar na carne. Quem faria isso por livre e espontânea vontade? Mas governar é fazer escolhas. E diante do grave quadro de queda de mais de 50% na arrecadação e da demissão de 37 mil trabalhadores do Comperj mexendo diretamente com a nossa economia, optei por manter o compromisso com a população. Lamento profundamente as demissões, mas fiz o meu dever como gestor. Cortei gastos para não deixar de socorrer um paciente em risco de vida no hospital; para não parar uma obra pela metade; para não deixar crianças fora da escola. O momento agora é de lutar para driblar a crise, de reinventar o futuro de Itaboraí, e não de tirar proveito político”.

 

Documentos relacionados:

Carta de Audir Santana

Resposta de Helil Cardoso

Envie seu comentário:

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *.