Do eco que vem das ruas…

Quando vejo nas imagens que as televisões mostraram ao mundo inteiro que a multidão ocupou, na segunda-feira, a Avenida Rio Branco, no centro do Rio de Janeiro – numa manifestação histórica contra tudo que há de errado no setor público -, enxergo algo muito maior. Percebo que haverá dias melhores, que há futuro para o nosso país e que, melhor ainda, nossa juventude está atenta e tem muito mais coisas na cabeça. A voz que vem das ruas diz que tanto quanto o preço das passagens, o mau uso do dinheiro público, a corrupção, os gastos superfaturados com os grandes eventos esportivos destinados ao país até 2016, o modelo político brasileiro, as eleições convenientemente agendadas para cada dois anos, o voto obrigatório, a mídia elitista e o comprometimento de membros dos três poderes com os grandes grupos empresariais incomodam demais ao povo e esse povo está dizendo agora, em uníssono, basta!

Quando vejo no close das câmeras um estudante dizendo “Chega!”, eu me encho de orgulho de ser brasileiro e digo a mim mesmo que esse país tem um grande futuro. O que começou pelas ações até então muito tímidas do movimento Passe Livre, ganhou essa dimensão toda exatamente pelo estado de coisas que afeta toda a sociedade. Quando ouço um jovem gritando contra a Copa do Mundo no Brasil não entendo em suas palavras uma reação em desfavor do mais importante evento esportivo, mas sim uma manifestação legítima contra os quase R$ 7 bilhões já torrados até agora na preparação do país para a Copa e as Olimpíadas de 2016, quando a educação e a saúde ainda são só para os privilegiados.

As contas dos gastos de recursos públicos em coisas que em nada beneficiará o nosso povo de forma mais direta,  são muito altas e são esses números que levam multidões às ruas. Os números são absurdamente exagerados, os contratos e seus aditivos consomem muito mais do que chega ao povo. É o ralo do desperdício, da irresponsabilidade de um país perdulário. Para fazer, por exemplo, média com a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil dos sem teto, dos sem terra, dos sem escola, dos sem saúde, dos sem nada, já gastou até agora algo em torno de R$ 2 bilhões mantendo tropas no Haiti. Os jogos Pan Americanos de 2011 custaram cerca de R$ 4 bilhões e mais dinheiro público está indo pelo ralo para fazer a manutenção do tal legado, um parque aquático do qual o povo nem passa perto.

A voz das ruas é para ser ouvida e bem entendida. É claro que existem aqueles babacas que vão pelas vias públicas depredando e saqueando tudo o que encontram pela frente, mas esses são uns sem cérebro, uns imbecis que jamais chegarão a algum lugar, pois nada saberão na vida, pois nela e nas escolas não aprenderam o mínimo, que é pensar. 

Comentários:

  1. Bom dia, Elizeu. O grito do povo está se fazendo ouvir. Goste do “esse povo está dizendo agora, em uníssono, um basta”. Um beijo no coração.

  2. Sexta-feira vai ter manifestação em Magé. Vai começar às 17 horas. Espero que seja na paz, que não apareça nenhum babaca querendo fazer quebra-quebra. Eu estarei lá na paz.

  3. Estou orgulhosa dessa garotada que esta organizando, pelas redes sociais, esses movimentos. E que bom que hoje temos a internet. isso seria impossível há alguns anos atras, organizar com essa rapidez esses movimentos.
    Espero que o governo esteja entendendo que não é o aumento da passagem que gerou isso. Esse aumento foi a famosa “gota d`agua” que transbordou o copo…

  4. Tomare que essas manifestações não parem nunca mais ! O governo tá ferrando com a vida do cidadão e povo acomodado. As manifestações contra o aumento, foram só o estopim. Essas manifestações são um tapa na cara nesse governo corrupto do PT. Agora sim posso dizer, pelo menos agora, que tenho orgulho de ser Brasileira.

  5. Ao longo de nossa história, vários movimentos populares foram determinantes para que algo importante mudasse. Em 1964 ocorreu a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, contra a iminência de uma convulsão social e a implantação de uma república sindicalista. Anos mais tarde, houve a Passeata dos Cem Mil, contra a ditadura que havia se estabelecido e não queria largar o osso. Depois, o movimento das Diretas Já, que não atingiu seu objetivo de pronto mas deixou uma semente. Posteriormente, foram os Caras Pintadas, que culminou no impeachment do Collor. Nesses dois últimos, em particular, houve uma mudança radical de posição da elite política. Afinal, político pode até ficar sem dinheiro e sem prestígio, mas não pode ficar sem voto. E foi o que perceberam: ou mudavam ou não se elegeriam de novo. Não é de nossa tradição a revolução feita pelo povo, mas estou convicta que pela pressão desse povo nós vamos conseguir mudar de forma republicana muita coisa. Foi ótimo tocar nesse assunto.

  6. Mais de duas mil pessoas já confirmaram presença na manifestação de Magé. Esperamos um ato pacifico e que o governo municipal possa acordar da inércia que está o município.

  7. O movimento nas ruas de todo o país por melhorias de condições na saúde, educação, habitação…São válidas. Mas a violência e a desordem, estão enfraquecendo a conquista dos nossos direitos que foram usurpados por políticos desonestos. O povo precisa ter em mente que: “A união faz a força”. É preciso lutar por causas nobres. Chega de ficar pagando imposto e nada!

  8. A eclosão de movimentos de insatisfação é de carater global.Acontecem desde o desemprego na Europa,a discriminação racial e tambem contra as desigualdades soiciais.No tocante ao Brasil surgem de segmentos politizados, apartidarios, de classe social emergente e consciente do despreparo do poder publico em agilizar soluções há muito aguardadas pelo voto.É um grito de revolta pelo descaso, pela improbidade do administrador publico e cansados de projetos paliativos.É o povo representado por vozes indiferentes a lideranças mas dispostas a expor e discutir propostas realmente pertinentes ao administrador.

  9. É Elizeu,espero que os Municípios estejam atentos ao grito em massa da multidão! ” NÃO QUEREMOS COPA NÃO,QUEREMOS SAÚDE E EDUCAÇÃO” . Ambas são extremamente necessárias ,que não sejam só utopias e que haja profissionais em quantidade e que sejam valorizados monetariamente.

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