Sabino politiza anulação de concurso

Prefeito de Rio das Ostras força barra para atingir adversário

A cada dia fica mais forte a suspeita de que a anulação do concurso público realizado no ano passado pela Prefeitura de Rio das Ostras foi decidida mais para atingir o ex-prefeito Carlos Augusto Balthazar do que pelas supostas irregularidades alegadas pelo prefeito Alcebíades Sabino dos Santos. Na última quinta-feira Sabino afirmou que a anulação era a única coisa a ser feita e defendeu a abertura de uma comissão de inquérito para investigar esse processo seletivo. Entretanto, o mesmo prefeito que se mostra seguro ao falar de irregularidades e acusar seu antecessor, é o mesmo que sonega informações sobre o concurso, bem como as circunstancias que o levaram a emitir o decreto de anulação. Carlos Augusto não é nenhum santo, teve duas gestões marcadas por denúncia, mas, ao esconder dos interessados as informações sobre o certame e seu ato de anulação, Sabino provoca mais suspeitas ainda sobre sua posição nesse caso.

No Termo de Ajuste de Conduta assinado com o Ministério Público no dia 25 de março Sabino se compromete em anular o processo seletivo, a devolver os valores pagos pelos candidatos a título de taxa de inscrições e a realizar um novo concurso, lançando o edital até dezembro desse ano. No decreto, assinado dez dias antes desse compromisso firmado com o MP, o prefeito fala do TAC como se esse já tivesse sido firmado e baseia-se nas possíveis irregularidades apontadas no termo de ajuste, para anular o concurso. Além de se antecipar, Sabino tomou decisões como se seu ato estivesse acima do direito, comportando-se como se nenhum recurso judicial pudesse ser impetrado contra o decreto.

 

Na “aba”

Eleito em outubro do ano passado para cumprir seu terceiro mandato como prefeito de Rio das Ostras, Sabino passou os seis primeiros meses dessa gestão na “aba” do ex-prefeito, falando de realizações contratadas e pagas pelo antecessor como se fossem ações de seu governo. Adotou para sim o que lhe pareceu bom e passou a demonizar o adversário político, usando o concurso, esquecendo-se de que o ex-prefeito não será prejudicado em nada com o decreto de anulação, mas sim os mais de 3.500 aprovados no processo seletivo.

“Sabino foi muito esperto nessa e vai acabar conseguindo que a Câmara instale uma CPI para apurar o concurso, pois ele tem a maioria dos vereadores sob controle. O que não dá para entender é porque ele fica se amarrando para liberar a documentação do concurso para os candidatos sustentarem ações na Justiça se tem tanta certeza assim de que ocorreram irregularidades no concurso”, afirma um dos pouquíssimos membros da Câmara a não concordar com a na anulação do processo seletivo.