
Eles dificilmente são encontrados em seus locais de trabalho
O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Ja- neiro está movendo três ações civis públicas por im- probidade administrativa con- tra médicos que acumula- ram cargos ilicitamente e o mesmo deverá ser feito pelo Ministério Público Estadual em relação a vários médicos lotados no Hospital Estadual Roberto Chabo, em Ararua- ma, que tinham apenas o trabalho de assinar o ponto. Entre eles estão um vereador, um ex-vice-prefeito e um ex-secretário de Saúde. Se condenados, terão devolver aos cofres público o que receberam indevidamente. O vereador, por exemplo, tem 13 empregos – número da sua legenda, o PT – e “trabalhava” 119 horas semanais, uma média de 17 horas por dia, considerando os sete dias da semana.
Segundo as ações movidas pelo procurador da República Sérgio Suiama. “os réus não cumpriram devidamente a jornada de trabalho e causaram prejuízos aos cofres públicos”. Um dos processos aponta que um médico acumulou três cargos públicos entre 2007 e 2010, totalizando 68 horas semanais supostamente trabalhadas. O acusado, que ingressou no serviço público federal em dezembro de 2007, como cirurgião plástico no Hospital Federal de Bonsucesso, onde continua atuando, trabalhou no Instituto Médico Legal do Estado do Rio de Janeiro, no Instituto Estadual de Dermatologia Sanitária e no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes. Outro processo é contra uma terapeuta ocupacional que acumulou três cargos públicos junto ao Hospital Federal dos Servidores do Estado, ao Hospital Getúlio Vargas (estadual) e ao Posto Municipal Alberto Borgerth. No caso dela foi constatado sobreposição de horários no total de 84 horas semanais. O terceiro processo cita um farmacêutico acumulou funções no Hospital Federal de Bonsucesso, Hospital Ferreira Machado e Hospital Geral de Guarus (em Campos dos Goytacazes), também com 84 horas mensais.
Entres os médicos de Araruama investigados pelo Ministério Público Estadual estão Marcelo Amaral Carneiro, José Gomes de Carvalho e Amilcar Cunha Ferreira. Eles integram um grupo de pelo menos dez profissionais de saúde lotados no Hospital Estadual Roberto Chabo, acusados de irem à unidade, baterem o ponto e saírem em seguida. Marcelo é vereador na cidade (foi eleito pelo PT no ano passado), José foi – até o dia 25 agosto último – secretário de Saúde e Amilcar, até 31 de dezembro do ano passado, era o vice-prefeito da cidade. Além dos três políticos foram flagrados marcando ponto e deixando a unidade logo em seguida, os médicos Fernando Bernardino, Luciano Mendes Guedes, Élio Luiz Valente e Luiza Maria Quintanilha. O vereador, que mora em de Icaraí, se apresentava aos eleitores durante a campanha como “Dr. Marcelo, o médico do povo”. Ele foi eleito com 1698 votos e, além do mandato de vereador, tem 13 empregos.
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