Oito batatas para 160 crianças

É assim que o prefeito de Valença cuida dos alunos da rede municipal 

Na última quinta-feira teve escola da rede municipal de ensino que recebeu exatamente oito batatas, meia dúzia de cenouras e dez cabeças de alho para alimentar 160 crianças. No dia seguinte diretoras de algumas unidades tiveram de liberar os alunos mais cedo porque nem isso tinha. Essa é a realidade verificada no município de Valença, onde as coisas estão indo de mal a pior, sem, entretanto, sensibilizar o prefeito Álvaro Cabral e professora Tânia Machado Pinto, titular da Secretaria de Educação, que não se mexem para resolver o problema e nem dão resposta alguma à população.

Quem também não está se importando com a situação dos alunos é o presidente da Câmara de Vereadores, Salvador de Souza, o Dodô (PSB), que vem se negando a instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para investigar as causas do problema e saber onde em que o prefeito está enfiando os recursos destinados pelo governo federal para garantir a alimentação dos alunos durante o período de aulas.

“O descaso na Educação chegou a tal ponto que 160 crianças de uma creche precisam dividir oito batatas”, fala o Danilo Serafim, dirigente do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação em Valença. A entidade apoia a proposta de instalação da CPI da Merenda sugerida pelos vereadores Felipe Farias, Silvio Graça, Luiz Antonio Rocha e Marcelo Moreira de Oliveira, ignorada pela presidência da Câmara, que tem se esforçado bastante para poupar o prefeito, obrigando os proponentes da investigação a buscar apoio junto ao Ministério Público e a impetrarem mandado de segurança na Justiça, com pedido de liminar para que a CPI seja formada.

A crise no setor de Educação está mobilizando não só vereadores, professores e dirigentes sindicais como a sociedade de modo geral, indignada com jeito que o prefeito e a secretária de Educação tem tratado do assunto. O vereador Felipe Farias, por exemplo, criticou em plenário o desconhecimento da secretaria de Educação em relação aos índices da merenda. “Ela foi convidada para elucidar as duvidas dos vereadores, porque deveria saber o motivo que a trouxe a esta tribuna. Deveria trazer documento para informar, mostrar preocupação e dizer estava tomando providências. Isso já tem quase um mês e ela disse que a situação seria normalizada na semana seguinte”, afirmou.

De acordo com o representante do Sepe na cidade, algumas unidades só estão se mantendo com merenda porque comerciantes têm feito doações. Além disso, afirma Danilo Serafim, a qualidade nutricional dos poucos alimentos fornecidos pela Prefeitura é baixa. Na semana passada Danilo e vários profissionais de ensino estiveram na Câmara para acompanhar a discussão em torno da criação da CPI da merenda e não gostaram do que viram. “A categoria está perplexa porque o presidente instalou a CPI”, disse Danilo, informando ainda que durante essa semana os profissionais da rede deverão fazer uma greve de 48 horas.

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