Prefeito de Araruama volta e desabafa: “Vão ter que me engolir”

Afastado ontem do cargo em medida liminar conce- dida 2ª Vara Cível da comarca local, o prefeito de Araruama, Miguel Jeovani (PR), fez na tarde de ontem um rápido dis- curso na entrada do prédio da Prefeitura e desabafou: “O que aconteceu ontem (terça-feira) aqui foi uma demons- tração de arbitrariedade, mas a Justiça acaba de ser feita. Ninguém vai parar o nosso trabalho. Aqui não tem bandido e nada temos a esconder. O cerco de ontem (terça-feira) foi um ato de desrespeito aos contribuintes. Fecharam a Prefei- tura como se tivessem autoridade para isso. Estamos de volta e eles vão ter que me engolir”, disse o prefeito, para quem o aparato de 33 agentes fortemente armados “foi des- necessário”. O desabafo de Miguel Jeovani teve dois alvos diretos: o ex-prefeito André Mônica e o deputado Paulo Me- lo, presidente da Assembleia Legislativa.

A operação do Apoio aos Promotores de Justiça (GAP) do MPRJ, realizada na manhã da última terça-feira e a liminar determinando o afastamento temporário do prefeito, foram resultados de inquérito civil aberto pelo Ministério Público a partir de denúncia apresentada pelo empresário Guilherme Castanho, primo do ex-prefeito André Mônica (PMDB). Ele é dono da empresa, Comercial Castanho, que durante a gestão de André, forneceu merenda para a rede municipal de ensino. A denúncia dá conta de  possível fraude em processo licitatório para aquisição de merenda no início do ano passado.

A operação aconteceu 24 horas após Jeovani ter participado da convenção do PR e ser anunciado como vice-presidente estadual da legenda, comandada nacionalmente pelo deputado federal, Anthony Garotinho, que colocou a ação do GAP sob suspeita. “Pelas primeiras informações que recebemos, inclusive de pessoas independentes da cidade muitas coisas estranhas aconteceram nessa operação. Uma pergunta que qualquer cidadão minimamente isento faria é a seguinte: como o MP pede o afastamento do prefeito e, ao mesmo tempo, diz que o mandado de busca e apreensão cumprido na Prefeitura e em outros locais é para obter provas de fraude em licitações? Quer dizer então que o prefeito foi afastado sem provas somente pela denúncia de um amigo do presidente da Alerj?”, questionou Garotinho, referindo-se ao fato de o deputado Paulo Melo ser ligado ao ex-prefeito André Monica.

A volta do prefeito foi determinada pela presidente do Tribunal de Justiça, desembargadora Leila Mariano. Os advogados de Miguel Jeovani disseram ontem que vão questionar agora o que veem como “excesso” na operação, que, segundo entendem foi irregular. Eles alegam terem sido impedidos de acompanhar a diligência e afirmam que quando os agentes foram fazer buscas em residências e escritórios teriam deixaram de cumprir a ordem judicial, que orientou no sentido de que o pessoal do GAP estivesse acompanhado de um oficial de justiça.

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