Uma reflexão de Natal: recado de Ernest Hemingway em tempos de extremismos, propagação de ódio e intolerância

Elizeu Pires

Ernest Hemingway nasceu em 1899 e morreu em 1961

“Quando morre um homem, morremos todos, pois somos parte da humanidade.” Essa é um das muitas passagens profundas do romance For Whom the Bell Tolls (Por quem os sinos dobram), escrito em 1940, onde o autor norte-americano Ernest Hemingway narra a história de um professor de inglês, Robert Jordan, um jovem que ingressou nas Brigadas Internacionais, tornou-se especialista em explosivos e recebeu a missão de destruir uma ponte. Jordan e outros personagens acabaram fracassando, pois viram nos inimigos seres humanos, pessoas que poderiam estar em qualquer lado nas guerras idiotas travadas por bestas que se dizem grandes líderes, muito a ver com os dias de hoje, quando os extremos estão ai a pregar o ódio como instrumento político, transformando teclados de computadores e celulares em dispositivos de disparos.

Por quem os sinos dobram não tem nada a ver com o Natal. Os sinos de Hemingway – que embora dissesse que se “quisesse transmitir mensagens, enviaria telegramas”, enviou muitos recados ao mundo – badalam nos despertando a pensar sobre a condição humana, um tinir que no leva a refletir sobre as decisões tomadas pelos loucos que se reúnem em gabinetes luxuosos para remapearem o mundo de acordo com seus interesses pessoais, transformando pais, filhos e irmãos em soldados, inserindo-os numa luta que não é deles, colocando-os a serviço da morte e da destruição, tudo em nome do poder absoluto.

A guerra narrada nesse romance é tão absurda quantos as reais, mas os personagens, inclusive os que morreram, descobriram a tempo que somos humanos, não monstros ou máquinas a serviço do mal. Por isso vasculho a memória e rebusco For Whom the Bell Tolls porque no mundo de hoje, quando a violência nos leva a necessidade de pedir desculpas até a quem nos pisa os pés, precisamos despertar para a consciência de que somos todos seres humanos, inclusive quem puxa o gatilho, quem dá o tapa na cara e o golpe que nocauteia.

É nesse convite a uma reflexão que desejo a todos que acessam o elizeupires.com um feliz Natal, ensejando que o badalar dos sinos nos acorde para uma vida melhor e que 2020 seja o ano do começo de uma nova vida, nos proporcionando o tempo de perceber que precisamos nos transformar em seres humanos melhores.

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