Concurso público não é garantia de bons serviços

Pesquisa aponta que servidores efetivos sãos os que mais faltam ao trabalho

“Papagaio come milho e periquito leva a fama”. O ditado popular usado para exemplificar os casos em que quem nada tem a ver com um assunto acaba responsabilizado por ele, pode ser aplicado também para explicar a opinião formada por assistidos pelo poder público nos município da Baixada Fluminense, sobre o trabalho efetivamente prestado nos setores de educação e saúde, os mais procurados e também onde está o funcionalismo que mais reivindica e reclama. De acordo com análise feita pelo Instituto Executivo de Comunicação (Iecom), os concursos públicos estão muito longe de significar melhores serviços e o comportamento de uma parte do funcionalismo acaba comprometendo a imagem de toda a categoria, o que não é justo, pois a maior parte trabalha e muito, se desdobrando para tapar os buracos deixados pela turma do `corpo mole´.

Além de ser uma exigência da Constituição federal, a realização de concurso público para as funções de natureza permanente, de atividade de fim, os chamados cargos de provimento efetivo, acaba com o empreguismo voltado para os interesses dos políticos, mas entendem os especialistas em serviço público, não representa nenhuma garantia de que a educação ou a saúde será melhor por causa disso, pois, em algumas cidades, os resultados apresentados pelos terceirizados através de ONG, OS, cooperativas ou contratados temporários chegam a ser mais animadores.

De acordo com a pesquisa, em cidades como Magé, Duque de Caxias, São João de Meriti e Belford Roxo, 30% dos servidores estáveis lotados na rede de ensino se mostram descontentes com o ambiente de trabalho, faltam com frequência, apresentam pedidos de licença e quase sempre apelam para o corpo mole. “Costumam dizer que o servidor reclama de tudo, conhece todos os seus diretos, mas esquece de seus deveres e isso é mais comum na educação e na saúde, mas não se pode generalizar, mas é fato que a estabilidade acaba contribuindo, em algumas situações, para o `corpo mole´, com alguns efetivos trabalhando menos que o terceirizado ou contratado temporário”, diz o pesquisador Janio Mota Ribeiro.

Em relação ao município de Magé – onde concurso público sempre foi tratado como “coisa do outro mundo” -, pode se dizer que pelo menos 60% do efetivo da administração municipal de um modo geral não saiu de processos seletivos, mas nem por isso deixam de ser estáveis. É que quem ocupava cargos de natureza permanente antes da promulgação da Constituição de 1988 ganhou direito à estabilidade e tem as mesmas garantias do servidor aprovado em concurso. Em Magé, até bem pouco tempo se dizia que a Prefeitura não fazia concurso para não tirar o emprego dos mageenses, apostando – de forma inaceitável e discriminatória – que um filho da cidade não tivesse condição de ser aprovado em processo seletivo. Essa desculpa condenável caiu por terra em 2012, pois entre os mais de 3.600 aprovados no certame daquele ano já convocados está uma boa parte de mageenses natos.

 

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Comentários:

  1. Bom dia a todos. Vamos por parte.
    Já trabalhei como comissionado, já trabalhei em outros dois lugares como efetivo e estou no meu terceiro cargo ( pois fica mais perto da minha casa e o vencimento é melhor). Lendo esta matéria, não concordei muito, o que é meu direito. Já vi muito efetivo trabalhar fazendo corpo mole, mas também muito comissionado nem ir trabalhar por ter “padrinho forte”. Quanto aos direitos, deve-se exigir, sim, o cumprimento dos direitos assim como realizar todas as obrigações. Se os comissionados estivessem na posição dos efetivos, eles fariam a mesma coisa! (ou estou errado?)
    Agora, não ser bom profissional é uma característica da pessoa.Não tem a ver com ser comissionado ou efetivo. Quando era comissionado nunca deixei de fazer minhas obrigações, assim como hoje (efetivo). Inclusive o cargo de provimento efetivo tem as ressalvas. A forma relapsa de se comportar profissionalmente, por exemplo, deve ser apurada e punida (como também no cargo em comissão)

  2. ah é! e a solução é deixar os contratos que possuem “costa quente”! Fala sério Elizeu. Os processos disciplinares não funcionam? E a sindicância ? Para os efetivos existem meios legais para punir, corrigir e remediar. E os contratos “costa quente”? Sou Mageense e sempre vi contratados se lixando para o serviço público, principalmente na saúde. Sou hoje concursado e defendo aqueles que fizeram por merecer estar dentro do quadro.

  3. Não me admira ver B Roxo na estatística… quando o município deixa furo (em B Roxo é rombo mesmo) dá margem para funcionários comissionados e efetivos para agir sem compromisso e não se cobra porque não se tem moral para isso. Um município que não paga ou atrasa salários, não fornece material para se trabalhar, hiper lota salas de aulas com alunos, serve apenas arroz e feijão na merenda, não garante condições mínimas para se trabalhar quer exigir o que? Professore em B Roxo são guerreiros… fazem o que podem com recursos mínimos.

  4. Em Itatiaia tá cheio deles, são concursados mas não trabalham. Tem que ter um meio legal para por esses vagabundos que são pagos com nossos impostos no olho da rua. Existe também os que não tem qualificação alguma, passaram em concurso por apadrinhamento. VERGONHOSO ISSO!

    1. Bom, eu passei em vários. Nunca fui rico e muito menos tive “padrinhos”. Passei em vários concursos porque estudei para isso. No entanto, em vários lugares onde trabalhei, (e diga-se de passagem só saí para outro lugar que pagava melhor), eu via era uma festa dos comissionados. Enquanto eu, funcionário por direito e capacidade, estava trabalhando, haviam comissionados que não trabalhavam.
      Não conheço a situação de Itatiaia. Mas se aí é assim, com certeza tem que ser apurado.
      O que não pode, senhor, Marcelo, é se generalizar. Ok?!

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