Dono de empresa de ônibus compara cobrador a máquina de escrever

Na visão do diretor da São Miguel – que tem o monopólio do transporte de passageiros em Resende e presta um péssimo serviço –, esse profissional é obsoleto. A população desconfia que o prefeito estaria fazendo jogo de cena para renovar o contrato com a frota de sucatas por mais 20 anos

Ao que tudo indica os moradores de Resende correm o risco de esperar até 2040 para “deletar” da cidade a empresa de ônibus São Miguel que parece ter fornecido a “senha do seu wi-fi” para o prefeito Diogo Balieiro Diniz. Esta semana o sócio-diretor da São Miguel, João Duarte (foto), esteve em uma audiência pública promovida pela Câmara de Vereadores para discutir o caos que se instaurou no sistema municipal de transporte público, ocasião em que chamou os cobradores de obsoletos ao compará-los às maquinas de datilografia. O mandachuva da empresa que há 17 anos faz o que bem entende com a paciência dos milhares de passageiros, que utilizam as latas velhas de sua empresa, ficou mudo ao ser questionado sobre a obscuridade dos balanços patrimoniais da empresa, que legalmente deveriam ser entregues ao Conselho Municipal de Transporte e Trânsito (Comutran).  Mas o sócio-diretor rasgou o verbo ao dizer que a São Miguel não colocará ônibus com ar condicionado sem aumentar ainda mais o valor da tarifa.

João Duarte, no entanto, disse que a empresa está disposta a atender a um pedido do prefeito de equipar com internet sem fio, wi-fi, os ônibus que serão adquiridos até 2020. Para muitos, o discurso do empresário foi uma declaração de que a São Miguel ainda tem planos de permanecer em Resende por um bom tempo, já que a renovação da frota representa um investimento milionário para uma empresa que tem menos de três anos de contrato pela frente. Esta renovação em doses homeopáticas já havia sido anunciada pelo prefeito durante a semana, o que deixou muitos moradores com a pulga atrás da orelha para uma eventual negociação entre o Diogo e a São Miguel, no sentido prorrogar por mais 20 anos a permanência da empresa na cidade.

Eleito em 2016 prometendo forçar para R$2,40 o valor da tarifa do transporte coletivo municipal, o então candidato Diogo deu a entender que licitaria a concessão para mais uma empresa de ônibus com o objetivo de estimular a concorrência e quebrando o monopólio da São Miguel. No final de 2016, já eleito, Diogo publicou um vídeo em que dava a entender que revogaria o reajuste que elevou o aumento da tarifa de R$ 3,40 para R$ 3,80, o que acabou fazendo pela metade ao reduzir em irrisórios R$ 0,20 o custo do embarque.

 

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