Decreto ‘cala a boca’ facilita monopólio da São Miguel em Resende

O prefeito faz “média” com os moradores e empresa de ônibus continua com a sua frota de sucatas nas ruas, maltratando os usuários das linhas municipais

Um decreto assinado pelo prefeito Diogo Balieiro Diniz (foto) está causando desconfiança nos moradores de Resende. O documento que amplia os itens de fiscalização do serviço de transporte coletivo de passageiros, para muitos é mais uma peça de marketing pessoal de Balieiro. Além disso, o decreto frustrou a população que esperava ouvir o anúncio de um processo licitatório para implantação de mais uma empresa de ônibus na cidade, medida prometida pelo prefeito durante a campanha de 2016, como forma de estimular a concorrência e melhorar a qualidade do serviço, monopolizado há 17 anos pela São Miguel, empresa que presta um péssimo serviço à população. Como o decreto não tem o poder legal de substituir a lei municipal que atualmente trata deste assunto, a canetada de Diogo está sendo vista como mais uma tentativa de fazer média com a população. 

Na última segunda-feira (22), um dos cacarecos da São Miguel quebrou no bairro Casa da Lua causando transtornos a dezenas de passageiros, problema que teria se repetido no bairro Fazenda da Barra II. Como os problemas se repetem diariamente, a população já não acredita na eficácia das fiscalizações recentes propagandeadas pela Prefeitura, que não foram capazes de evitar, por exemplo, a humilhação sofrida por duas cadeirantes recentemente por causa do não funcionamento dos elevadores de acesso.

No ano passado, durante a campanha, Diogo prometeu abaixar para R$ 2,40 o valor da tarifa, o que parece já ter esquecido. Depois de assumir o governo ele também mudou o discurso e já não fala em colocar outra empresa para acabar com o reinado da São Miguel. Em vez disso, o prefeito estabeleceu uma espécie de “renovação parcelada” da frota da concessionária, que tem até 2020, último ano de contrato, para completar a troca de suas latas velhas. Um prazo generoso que para muitos soa como uma estratégia do prefeito de acalmar os ânimos da população e facilitar a renovação, por mais 20 anos, do contrato com a proprietária da frota de sucatas.

No  dia 5 a Prefeitura anunciou o recolhimento de dois ônibus da empresa durante uma blitz surpresa, o que chegou a ser comemorado por boa parte da população. A ação foi uma resposta a um vídeo postado nas redes sociais em que uma cadeirante precisou ser carregada nos braços de sua acompanhante justamente por causa da inoperância do elevador de acesso às cadeiras de rodas. Mas o episódio parece não ter sido suficiente para que o prefeito retomasse sua promessa de campanha de abrir concorrência no transporte coletivo. Distante disso, Diogo não compareceu à audiência pública promovida pela Câmara para debater o caos no transporte e acabou trocando o discurso de enfrentamento por um pedido de instalação de internet sem fio, wi-fi, nos ônibus da São Miguel, segundo informou o sócio-diretor da empresa, João Duarte, que compareceu ao debate.

Na ocasião, o mandachuva da São Miguel ficou mudo ao ser questionado sobre a obscuridade dos balanços patrimoniais da empresa, que legalmente deveriam ser entregues ao Conselho Municipal de Transporte e Trânsito (Comutran).  O sócio-diretor rasgou o verbo ao dizer que a São Miguel não colocará ônibus com ar condicionado sem aumentar o valor da tarifa, que hoje custa salgados R$3,60. João Duarte ainda chamou os cobradores de obsoletos ao compará-los às maquinas de datilografia.

 

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