Obras estão sendo feitas em prédio desapropriado e ainda não pago
“Obra na casa alheia”. É assim que estão sendo vistas as intervenções de reforma, adaptação e ampliação no prédio onde, um dia, talvez possa vir a funcionar o Hospital-Maternidade Municipal de Queimados, que deveria ter ficado pronto em julho de 2018 e inaugurado dois meses depois. Como, segundo o dito popular, o que começa errado não pode dar certo, a tal inauguração pode demorar muito mais ainda. Primeiro pelo atraso que já elevou o preço contratado em mais de R$ 800 mil e, segundo, porque os donos o imóvel ainda não receberam pela desapropriação, uma situação complicada criada pelo ex-prefeito Max Lemos (foto) em 2015 e herdada pelo atual gestor, Carlos Vilela. Nesse caso quem deve estar satisfeito da vida é o pessoal da BVB Engenharia, empreiteira contratada para dar conta do recado e que já teve o contrato aditivado duas vezes, com o valor global chegando hoje a exatos R$ 3.222.893,96.
Fechamento forçado – O prédio onde um dia talvez funcione o futuro hospital-maternidade – a Prefeitura, além de pagar pela desapropriação ainda precisa garantir ajuda financeira dos governos federal e estadual para manter a estrutura funcionando – é da antiga Casa de Saúde Bom Pastor, unidade obrigada a fechar as portas pela própria administração municipal, que não aumentava o repasse de recursos.
O fechamento aconteceu em 2014, pois a unidade estava funcionando no vermelho, recebendo de convênio apenas R$ 200 mil mensais para fazer cirurgias eletivas, partos, internar e garantir atendimento 24 horas, enquanto que o Centro Especializado no Tratamento de Hipertensão e Diabetes (CETHID), que não interna, não opera e nem tem atendimento 24 horas recebia quatro vezes mais recursos da Prefeitura na época.
A desapropriação aconteceu há quase quatro anos e os donos do imóvel ainda não viram a cor do dinheiro da venda. A estimativa é de que o prédio valia R$ 6,5 milhões na época da desapropriação, fora os equipamentos da antiga casa de saúde, avaliados em cerca de R$ 1,5 milhão.
Quem acompanhou a distribuição dos recursos destinados às instituições prestadoras de serviços em saúde na gestão do prefeito Max Lemos não conseguia entender os critérios adotados pela Secretaria Municipal de Saúde. Além dos R$ 800 mil destinados ao CETHID todo mês, R$ 500 mil iam para o Hospital Infantil, que na época operava como clínica, enquanto que a Bom Pastor, com uma média de 300 partos mês e 250 cirurgias eletivas tinha um teto mensal de R$ 300 mil, mas não recebia mais que R$ 200 mil por mês.
Aditivos – De acordo com extrato publicado no dia 14 de dezembro de 2017, a BVB Engenharia foi contratada por R$ 2.413.283,16. Como a obra não ficou pronta o prazo foi ampliado em 180 dias e tome mais gastos. No dia 8 de agosto de 2018 foi publicado um termo aditivo de R$ 351.698,80, elevando o valor do contrato a R$ 2.764.981,96. No dia 22 de fevereiro, outro termo aditivo foi publicado, esse no total de R$ 457.912,00.
Questionamento na Câmara – Preocupado com a situação, o vereador Elerson Leandro Alves (PPS), fez esta semana um pronunciamento na Câmara Municipal e pediu que as comissões de Saúde e Obras interviessem para cobrar uma explicação do governo. “A Casa de Saúde Bom Pastor, que operava, internava e funcionava 24 horas recebia só R$ 200 mil mensais e o CETHID R$ 800 mil”, citou ele.
*O espaço está aberto para qualquer manifestação. Com a palavra a Prefeitura de Queimados.
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