R$ 62 milhões para nada, não é governador?

Hospital de campanha de Nova Iguaçu vai ser desmontado

O governador Wilson Witzel prometeu sete hospitais de campanha. Entregou com dois que funcionam a meia bomba e o de Nova Iguaçu vai ser desmontado sem ter atendido um paciente sequer

Quando o então secretário de Saúde Edmar Santos anunciou o início das obras do que seria um hospital de campanha para atender pacientes graves de covid-19 em Nova Iguaçu, o município registrava 96 casos da doença, com cinco óbitos. Isso foi no dia 13 de abril. Edmar – preso na última sexta-feira (10) por fraude nas compras emergenciais feitas para o enfrentamento do coronavírus – dizia que seriam 500 leitos, 300 na unidade modular e 200 na de campanha, sendo 160 de UTI, com investimento total de R$ 62 milhões, dinheiro que seria gasto nas obras e nos equipamentos. O hospital até que foi construído, mas funcionar que é bom nada…

Ontem, dia da prisão do agora ex-secretário de Saúde, Nova Iguaçu tinha 3.598 casos confirmados de contaminação pelo coronavírus e 361 mortes. Nesse dia também surgiu uma nova informação sobre o hospital de campanha. Ele será desmontado e a estrutura modular poderá ser aproveitada nas UPAs do município. Quanto aos equipamentos não se falou nada ainda, mas em uma das casas do ex-secretário de Saúde o Ministério Público apreendeu cerca de R$ 6 milhões.

Aparelhos não entregues – Nas investigações que resultaram na prisão de Edmar ontem e nas de seus auxiliares de confiança na primeira fase da Operação Mercadores do Caos o Ministério Público constatou que houve direcionamento na escolha das três empresas contratadas para fornecer respiradores pela Secretaria estadual de Saúde. De uma compra de R$ 185,5 milhões boa parte dos aparelhos não foi entregue até hoje e os 52 entregues não servem para o tratamento aos pacientes graves de covid-19.

Para os promotores envolvidos na investigações há “indícios robustos de que uma organização criminosa se formou e vem atuando em processos administrativos para aquisições emergenciais da Secretaria estadual de Saúde”.

Cerco fechado – Os contratos emergenciais firmados em nome do enfrentamento ao coronavírus somam cerca de R$ 1 bilhão. Só os hospitais de campanha custariam mais da metade disso. Seriam sete no total, mas só dois foram inaugurados, mas estão funcionando com menos da metade da capacidade de atendimento e quem neles trabalham não tem nenhuma garantia de que terão salário no fim do mês.

Falastrão e metido a rambo, o governador Wilson Witzel agora não dá um pio. Na quarta-feira ele esteve em Magé e prometeu liberar R$ 8 milhões para a reforma de uma casa de saúde incorporada pela Prefeitura, mas ninguém acredita que o dinheiro sai, pois ele prometeu várias vezes inaugurar o hospital de campanha de Nova Iguaçu, não cumpriu nem se desculpou com os moradores do município.

Até dia desses comentava-se nos corredores do poder era que o cerco tinha se fechado em torno do governador. Agora, com a prisão de Edmar e a apreensão de dinheiro numa das casas dele a aposta é de que Wilson Witzel perdeu mais que a pose.

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