Prefeitura de Itaperuna faz gastos emergenciais em nome da pandemia, mas atos publicados não revelam quantidade nem valor do que foi adquirido

No caso da empresa Clemed, por exemplo, não está claro o que ela está fornecendo por R$ 1,8 milhão. Qual a quantidade e quanto custa cada item é o que o contribuinte quer saber

No dia 1º de junho deste ano 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo Itaperuna, expediu recomendação para que a Secretaria de Saúde daquele município cancelasse um contrato firmado sem licitação com um hotel para o fornecimento de alimentação aos funcionários das unidades de atendimento médico, no total de R$ 1.144.747,00. Mais que a suspeita de superfaturamento apontada, há falta de transparência, pois a Prefeitura não disponibiliza informações claras sobre as contratações emergenciais para o enfrentamento da covid-19, publicando apenas extratos com os valores globais e nomes dos fornecedores, não disponibilizando a quantidade adquirida nem valores unitários dos objetos das dispensas de licitação. Ao Hotel Caiçara de Itaperuna (confira aqui), a administração municipal já pagou este ano R$ 562 mil.

Ao todo aparecem em edições dos boletins oficiais de maio e junho dispensas de licitação que passam de R$ 4,7 milhões. Os atos nada claros citam a mesma justificativa: “Aquisição de materiais hospitalares, insumos e de proteção individual, conforme descrição dos itens e quantitativos constantes no pedido de empenho”.

Ocorre que os contratos não são encontrados no que a administração do prefeito Marcos Vinícius de Oliveira Pinto chama de Portal da Transparência, conforme pode ser visto no termo de dispensa de licitação em favor da Clemed Comércio e Materiais, publicado na edição 825 do boletim oficial do município, que circulou com data de 1º de junho. O ato revela o endereço da empresa (Avenida Ermani do Amaral Peixoto, 300 – Sala 406, Centro, Niterói) e o valor global de R$ 1.810.260,00. No portal do município, no documento que revela que a empresa já recebeu R$ 296.600, 00, não diz quantidade nem especifica os itens e repete a justificativa das demais despesas.

Sem especificação de itens e quantidades, a mesma justificativa é vista nas dispensas de licitação homologadas em favor das empresas Vector Control Comercial (R$ 202.746,60),  Inmed Produtos e Servilos (R4 746.400,00),  LR Manutenção e Gestão Empresarial (R$ 297.647,00) e Odomed Comércio e Representação (R$ 517.637,29), o que pode ser conferido aqui.

MP atento – Para acompanhar os gastos sem licitação feitos pelos governos estadual e municipais em nome da pandemia, o Ministério Público criou  a  Força Tarefa de Atuação Integrada na Fiscalização das Ações Estaduais e Municipais de Enfrentamento à COVID-19, que instaurou um procedimento de gestão administrativa, envolvendo estruturas internas, diferentes órgãos de controle e entidades da sociedade civil voltado para todo o estado do Rio de Janeiro. O objetivo, segundo o MP, é “permitir os controles externo, interno e social, atendendo ao princípio constitucional da publicidade previsto na Constituição Federal”.

De acordo com informações do Ministério Público, em todo o estado já foram ajuizadas 25 ações civis públicas com pedidos de tutela provisória de urgência, 30 inquéritos civis, 25 procedimentos administrativos, sete procedimentos de gestão administrativa e cinco procedimentos preparatórios e expedidas 83 recomendações.

 *O espaço está aberto para manifestação da Prefeitura de Itaperuna.

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