Denunciado como um dos cabeças do esquema criminoso montado no governo do Rio, ex-gestor da Unig movimentou quase R$ 1 bilhão em operações suspeitas, apontam investigações do Ministério Público Federal

Apontado em investigação do Ministério Público Federal como membro importante do primeiro time do esquema de corrupção montado para desviar recursos públicos do governo do Rio de Janeiro, o ex-jogador do Itaperuna – clube da segunda divisão –, José Carlos de Melo, fez operações suspeitas que “beiram o patamar de R$ 1 bilhão”, usando uma entidade registrada como filantrópica, a Associação de Ensino Superior de Nova Iguaçu (Sesni), razão social da Universidade Iguaçu (Unig).

Segundo o MPF, isso ocorreu em pouco mais de três anos, no período de  1º de junho de 2016 a 7 de janeiro deste ano. Toda essa movimentação consta da petição apresentada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) na qual o MPF pediu o afastamento do governador Wilson Witzel e as prisões de membros do grupo. Melo é citado em 39 das 403 páginas do documento, destacado como um homem que tinha grande quantidade de dinheiro disponível, o que era “um diferencial em relação aos outros membros do grupo”.

O Ministério Público Federal apurou que José Carlos –  que foi pró-reitor da Unig até junho deste ano e se apresentava também como dono da instituição, o que é negado pela Universidade – não aparece como proprietário de nenhuma empresa com contratos públicos, mas operava ativamente junto ao governo do Rio, exercendo tanta influência quanto o empresário Mário Peixoto e o pastor Everaldo Dias Pereira.

Facilidade em obter dinheiro em espécie – Na petição ao STJ o MPF relata que José Carlos movimentava  grandes volumes de dinheiro em espécie. “Com efeito, são inúmeras as operações suspeitas, em espécie, realizadas por José Carlos de Melo, pessoalmente, por meio de  familiares  ou  por  meio  de  funcionários,  em  montantes superiores a R$ 100.000,00, especialmente em agências bancárias em Nova Iguaçu e Itaperuna, cidades onde a Unig possui unidades”, diz um trecho do documento.

A petição ao MPF relata ainda que o poder econômico de Jose Carlos “é também ilustrado pelo vultoso valor movimentado em operações suspeitas na conta da empresa Centro de Assistência Profissional e  Educacional, em agência bancária em Nova Iguaçu”. De junho de 2016 a janeiro deste ano, o CAPE – que foi contratado para fazer a gestão da Unig, movimentou R$ 731.756.644,00. 

Propina de R$ 300 mil por mês – José Carlos tinha tanta facilidade em obter dinheiro vivo que os demais membros do grupo dependiam dele para isso, conforme contou em delação premiada ao MPF o ex-secretário de Saúde Edmar Santos. Segundo Edmar, em um encontro na casa de Melo, ele ouviu de José Carlos uma proposta de negócios com a Secretaria de Saúde “em troca de vantagens indevidas”.

Ainda segundo o ex-secretário, em janeiro deste ano José Carlos acertou com ele um pagamento mensal de R$ 300 mil “em troca de negociar empresas para serem contratadas na área da Saúde”, tendo Edmar – ele próprio afirmou – chegado a receber o total de R$ 600 mil.

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