Elizeu Pires
Sempre visto no gabinete do ex-prefeito interino de Itatiaia, Imberê Moreira Alves, afastado do cargo nesta terça-feira (8) por suposto “arrendamento” da administração municipal a uma organização criminosa, segundo o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro denunciou à Justiça, o médico concursado da Prefeitura e presidente do Comitê Municipal contra o Covid 19 até o início do último mês de maio, Márcio Braga, estaria numa empreitada para tentar se desvincular de Imberê.
Em um dos diálogos do relatório de quebra de sigilo telefônico do início de abril deste ano, o MP interceptou um pedido de “gordurinha” que teria sido feito por Márcio Braga ao ex-secretário de Saúde do município Marcus Vinícius Rebello Gomes, preso preventivamente no final de abril na primeira fase da Operação Apanthropía. No caso, a “gordurinha” seria a elevação no valor mensal cobrado pela gasometria do Hospital Municipal. O relatório da conversa monitorada com autorização aponta que Marcus respondeu ao interlocutor que seria o médico, que passaria de R$ 1.200 para R$ 1.500 por mês
Braga divulgou um vídeo na última quarta-feira (9) para dizer que deixou o Comitê contra a Covid 19 no início de maio – após a prisões de Marcus e outras quatro pessoas do governo de Imberê – alegando que tudo que observou não condizia com seus projetos para a cidade. Sem tocar no teor da conversa monitorada, Braga disse ainda que foi espontaneamente ao Ministério Público para dar explicações de tudo que encontrou durante o período que “tentou ajudar Itatiaia no combate ao Covid 19”.
Eleição suplementar – Nos bastidores da política itatiaiense, Braga é apontado como um dos entusiastas da suspensão da eleição suplementar que aconteceria no último dia 11 de abril. Ele foi o coautor de um relatório de 12 páginas anexado a um ofício expedido por Imberê à presidência da corte solicitando o adiamento da eleição sob o argumento de agravamento da pandemia no município. Embora o que se tem observado nos últimos dia na cidade do Sul Fluminense é o agravamento da corrupção, com direito à “gordurinha” em contratos firmados sem licitação como os da compra de equipamentos de proteção individual, inclusive com valores pagos sem a efetiva entrega do quantitativo contratado.
Conforme já foi revelado, em representação encaminhada ao TRE-RJ em nome do diretório do PTB de Itatiaia para que seja marcada logo a data da eleição suplementar no município, o advogado Damian Duarte cita que “sem dúvida alguma, o olhar pragmático e político da gestão interina visa adiar o pleito para manutenção do status quo, de perpetuação no poder sem a legitimação das urnas, causando grave e irreparável prejuízo à sociedade de Itatiaia, em especial por conta das graves e tristes denúncias que levaram à prisão secretários municipais e diversas diligências de busca e apreensão, baseadas em acusações do Ministério Público de desvios de recursos públicos na Saúde”.
*O espaço está aberto para manifestação dos citados na matéria.