● Elizeu Pires
Janeiro já se foi há exatos sete dias, e a Prefeitura de Queimados ainda não disponibilizou um dado sequer sobre as despesas do mês, mantendo o segredo das contas públicas, o que é vedado por lei. Também já se passaram quase 40 dias do pagamento integral de uma compra de R$ 7,3 milhões em tablets feita sem licitação com recursos destinados pelo governo federal à Secretaria de Educação, e a gestão do prefeito Glauco Kaizer não informou até agora quantos aparelhos foram entregues, quantidade total adquirida, marca e valor unitário, para que o cidadão interessado no controle social garantido pela legislação possa fazê-lo.
Tanto segredo parece não incomodar em nada os componentes da Câmara de Vereadores, órgão que, além de legislar, tem por obrigação fiscalizar os atos do Poder Executivo, mas tem se feito de cego, surdo e mudo em relação ao governo do pastor Glauco, o homem que, segundo alguns evangélicos, foi escolhido por Deus para moralizar as coisas por lá, mas, ao que parece, não consegue nem abrir a caixa-preta em que se tornou o processo de contratação – por adesão de ata de registro de preços – do fornecimento tablets, cujo contrato foi firmado no dia 28 de dezembro de 2021, e o pagamento de R$ 7.371.800,00 feito dois dias depois.
Silêncio no Executivo e no Legislativo – A primeira matéria sobre a compra de R$ 7,3 milhões em tablets sem licitação e sem a revelação da quantidade, marca e valor unitário foi veiculada no dia 24 de dezembro. No mesmo dia a secretária de Comunicação Dayane Aragoso fez contato telefônico com o elizeupires.com, limitando-se a dizer que não havia nenhuma irregularidade na contratação da Conesul Comercial e Tecnologia Educacional – empresa que chegou a ser denunciada pelo Ministério Público da Paraíba por suposta participação em suposto esquema de corrupção apontado governo daquele estado – para fornecer os aparelhos sem licitação. A secretária não disse mais nada e prometeu enviar uma nota oficial com as informações necessárias, o que não fez até a data de hoje.
Se o governo municipal insiste em manter a coisa em segredo esperava-se que os vereadores cumprissem com o papel fiscalizador, mas esses também não se movimentam. É como se a Casa Legislativa fosse apenas um simples “puxadinho” da Prefeitura, tal é o silêncio dos “fiscais do povo”, uma omissão, dizem por lá, retribuída com a distribuição de cargos para os “nobres representantes” da população abriguem apadrinhados, e até parentes, como já ocorreu no ano passado.
Conforme já foi revelado, logo no início do governo o vereador Thomas da Padaria conseguiu empregar quatro parentes, e no mesmo “trem da alegria” foram embarcados um filho do vereador Paulo Barata; as esposas dos vereadores Rafael Rosemberg e Jefferson Dias; o marido da vereadora Cintia Batista, e um sobrinho do vereador Júlio Cesar de Almeida.
Os parentes, segundo a Prefeitura chegou informar, teriam sido exonerados logo após as denúncias sobre as nomeações, mas outros indicados foram empregados. O fato é que o órgão fiscalizador não está fiscalizando e seus membros ainda ficam revoltados quando criticados por se omitirem.
*O espaço está aberto para manifestação da Prefeitura e da Câmara de Vereadores de Queimados.
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