De cabeça baixa e pelos fundos

O “melhor prefeito” de Rio das Ostras sai sem deixar saudades

Ele disputou a reeleição, ficou em terceiro lugar, somou pouco mais de sete mil votos e ainda assim não teve a votação validada. Com condenações que o deixam inelegível até 2021, ele pode estar deixando de vez a vida pública, tão elevado é o seu índice de rejeição. Trata-se de Alcebíades Sabino dos Santos (foto), que até as eleições de 2012 se apresentava como o “melhor prefeito que Rio das Ostras já teve”.  A poucas horas de deixar o cargo, Sabino está encerrando um ciclo e tanto ele como o ano de 2016 não vão deixar saudades. Para as lideranças comunitárias locais as únicas coisas a festejar são a chegada de 2017 e a renovação da esperança, já que a atual gestão conseguiu levar o município – que já foi considerado o segundo melhor do estado do Rio de Janeiro em qualidade de vida – a um quadro de abandono nunca visto antes: a população está entregue a própria sorte porque todas as áreas de atendimento se encontram em situação precária.

Embora Sabino tivesse contado com mais de R$ 2,6 bilhões entre janeiro de 2013 até hoje para administrar o município, nada realizou e conseguiu mergulhar a cidade num imenso buraco chamado caos. Projetos e programas importantes foram abandonados ou reduzidos; as ruas estão sujas e esburacadas; falta infraestrutura e a insegurança é generalizada. Nos últimos quatros anos praticamente nenhum investimento próprio aconteceu. A cidade está na UTI, respirando por aparelhos…

Está semana, por exemplo, servidores da área da Saúde revelaram que tem faltado até oxigênio por conta de uma dívida de menos de R$ 95 mil. Os médicos da rede estão trocando serviços por plantões em outros municípios por falta de condições de trabalho, de remédios, vacinas, reagentes para exames, gaze, álcool e estrutura em geral, materiais básicos que somente uma gestão desastrosa deixaria faltar.

Na Educação, outra área que deveria ser prioridade, os professores passaram o ano reclamando da falta de condições de trabalho. Na atual gestão a realidade na rede municipal de ensino foi de falta de material pedagógico, alunos sem uniforme e sem livros, escolas sem segurança, invasões, vandalismo, merenda sem qualidade e, em alguns casos, entregues em luvas plásticas. Sabino vai entrar para a história como o prefeito que não construiu uma sala de aula sequer e ainda destruiu uma unidade: demoliu a Escola Municipal Fany Batista Esteves.

Para se constatar o caos basta uma caminhada pela cidade: a iluminação pública é deficiente, os bueiros estão entupidos, os sistemas de esgoto e de água comprometidos, pontos turísticos depredados e em péssimo estado de conservação, assim como canteiros, praças e parques sem nenhuma manutenção.

O funcionalismo público foi ignorado em seus direitos. Os servidores estão há três anos sem reposição salarial para cobrir a inflação, mas mesmo assim a folha de pagamento ultrapassa o teto estipulado pela Lei de Responsabilidade Fiscal, superando 70% em função do elevado número de ocupantes de cargos comissionados.

Tanta desgraça faz aumentar as expectativas quanto ao novo governo, mas diante do caos de uma herança maldita representada por uma dívida ainda não calculada, a próxima gestão há que ter muita competência para tomar as medidas certas para que Rio das Ostras possa reencontrar o caminho do desenvolvimento.

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