Belford Roxo confirma calote em servidores

Contratados que trabalharam até dezembro terão abrir processo administrativo, solicitações de pagamentos que normalmente acabam no arquivo com um “indeferido” carimbado

Os servidores efetivos do município de Belford Roxo continuam sem saber quando receberão os meses de novembro, dezembro, o décimo terceiro e ainda aguardam pela divulgação de um calendário de pagamento. A ideia do prefeito Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho (PMDB), é somar o débito e dividi-lo em dez parcelas iguais e pagá-las junto com o mês trabalhado. Já os contratados temporários, os ocupantes de cargos comissionados e as diretoras de escola sem matrícula efetiva não vão receber um centavo sequer, mesmo os que trabalharam normalmente até o último dia útil de 2016. Estes, segundo o próprio prefeito já afirmou, terão de protocolar o pedido de pagamento para que a situação de cada um seja avaliada em processo administrativo, aquela papelada que quase sempre acaba indo parar no arquivo, com um indeferido em vermelho, carimbada que serve para mostrar o quanto maus governantes desprezam os direitos de quem trabalha.

Com o maior volume de contratados, o setor de Saúde vai demorar muito para funcionar como o prefeito prometeu durante a campanha. É que o Tribunal de Contas – que está fazendo uma auditoria no município – proibiu novas contratações temporárias sem a realização de um processo seletivo simplificado. A ideia do novo governo era fazer novas contratações diretas, aproveitando nomes que seriam indicados por vereadores e seus apoiadores de campanha, deixando a ver navios os trabalhadores temporários contratados na gestão anterior e que trabalharam de graça nos últimos meses, já que na verdade o sucessor não pretende pagar a eles os atrasados e as verbas rescisórias. “Dá pena ter que dizer a quem trabalhou que se ele quiser receber terá de abrir um processo administrativo. Dói mais ainda saber que isto é apenas uma manobra para o governo enrolar e não pagar a ninguém”, disse ontem à noite uma fonte ligada à Prefeitura.

Na última quinta-feira os professores comemoraram uma liminar concedida pelo desembargador Cleber Chelfenstein, da 14ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça em mandado de segurança impetrado pelo Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação, determinando que a Prefeitura pagasse à categoria os atrasados em 24 horas. Na verdade, decisões judiciais como esta acabam sendo derrubadas com facilidade pelo governo, porque a Justiça manda pagar tudo o que o município deve, mas quem consegue pagar uma conta sem recursos disponíveis para tal? “A liminar não vem com um cheque para cobrir a despesa que a decisão manda que seja honrada em 24 horas. Creio que há dinheiro suficiente para pagar os atrasados em até cinco parcelas. Dez é exagero e acredito até que o prefeito quer apenas ter uma margem de segurança em relação a prazos quando aventa um parcelamento tão longo. Agora quitar tudo de uma vez é utopia, pois não tem dinheiro para isto”, completa a fonte.