“Gentileza gera gentileza”

Exposição da obra do “profeta” vai até junho

Se em vida estivesse, José Datrino (foto) teria completado 100 anos no dia 11 de abril. Assim, pelo nome de batismo, só mesmo seus familiares, os mais chegados e os motoristas de sua frota de caminhões sabiam de quem se tratava. Para o Rio de Janeiro ele foi o Profeta Gentileza, um ser iluminado que circulava pelo centro da cidade a semear mensagens de amor, paz e esperança. Para marcar o ano do centenário de Datrino a Agência Trinity, com apoio do MetrôRio e do Instituto Invepar, está promovendo a exposição “Gentileza faz 100 anos”. A mostra já passou pela estação São Conrado e deste sexta-feira está na estação Coelho Neto, onde permanecerá até o dia 25. Depois a exposição desembarcará nas estações Central (de 26 de maio a 8 de junho) e Jardim Oceânico (9 a 23 de junho. Além de obras já conhecidas, a mostra apresenta ao público material inédito do artista e expõe mensagens gentis e reflexivas aos usuários do MetrôRio. São 13 painéis e um totem interativo.

José Datrino nasceu no ano de 1917 em Cafelândia, no estado de São Paulo e faleceu no dia 29 de maio de 1996, aos 79 anos. Ele tinha nove irmãos e viveu uma vida de muito trabalho desde a infância. De tanto lidar com a terra e com os animais acabou aprendendo a amansar burros para o transporte de carga. Depois que virou o Profeta Gentileza dizia aos que o paravam nas ruas do Rio para ouvir suas mensagens, ser “amansador dos burros homens da cidade que não tinham esclarecimento”.

Já na infância o “profeta” começou a ter visões e aos 12 anos passou a ter premonições sobre o que seria anos depois a sua vida no Rio de Janeiro. Falava que depois de constituir família, filhos e bens, deixaria tudo e seguiria com sua missão. Foi exatamente o que aconteceu. Na manhã de 24 de dezembro de 1961, seis dias após o incêndio do “Gran Circus Norte-Americano”, em Niterói, no qual mais de 500 pessoas – a maioria, crianças – perderam a vida, ele acordou e avisou a família que tinha ouvido “vozes astrais” o aconselhando a abandonar o mundo material e se dedicar apenas ao mundo espiritual. Nascia ali um noco homem: ele entrou em um de seus caminhões e foi para o local da tragédia, onde plantou uma árvore e cultivou uma horta sobre as cinzas. Viveu por lá durante quatro anos, tempo que passou levando mensagens de consolo ao parentes das vítimas. Trocou de nome inicialmente para “José Agradecido” e depois passou a ser chamado de “Profeta Gentileza”.

Gentileza ganhou as ruas de Niterói a partir de 1970 e depois passou a fazer suas pregações travessias de barca entre a cidade e o Rio de Janeiro. Anos depois resolveu dedicar-se apenas ao Rio, fazendo dos trens e dos ônibus o seu púlpito, até que em de 1980 começou a desenhar suas mensagens nas 56 pilastras do Viaduto do Caju, enchendo-as com inscrições em verde-amarelo.

Depois da morte do “profeta” seus murais foram cobertos por pichações e essas acabaram cobertas por uma tinta cinza. Provocada pelas manifestações do povo, a Prefeitura criou o projeto Rio com Gentileza para restaurar os murais com as inscrições de José Datrino e o frases de seu livro urbano.

Comentários:

  1. Me lembro como se fosse hoje, “O PROFETA GENTILEZA” muitos o achavam louco, outros ele se passava despercebido, não quero ser diferente mas sempre parava o carro e olhava pra ele, os tantos loucos atrás buzinando (como se estivesse sentados em suas poderosas maquinas??? Coitadinhos) os loucos se achavam normais. Segurando seu standard com suas mensagens de paz , amor…. Saudade dos anos 80, aonde não tinha fuzis nas ruas e sim homem com seu standard, aonde se podia caminhar nos mirantes, nas praias na finada cachoeira das paineiras e tantas outras… Parabéns Elizeu sua homenagem ao PROFETA pelo seus 100 anos se estivesse vivo

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