Caxias: Vereador questiona contrato de empresa denunciada pelo MPF

Pela primeira vez uma voz se levanta na Câmara de Caxias para questionar contratação milionária feita pela Prefeitura, mas quem acompanha de perto os trabalhos da Casa não acredita em postura mais contundente por parte de seus membros

● Elizeu Pires

Alex Freitas prometeu marcação firme em relação aos contratos de terceirização de mão de obra

Há anos funcionando como uma espécie de “puxadinho” do Poder Executivo, com os vereadores fechando olhos e ouvidos para tudo em relação à Prefeitura, a Câmara de Vereadores de Duque de Caxias surpreendeu o governo na semana passada, questionando pelo menos um ato da gestão do prefeito Wilson Reis, que tem dado prosseguimento a todas as ações iniciadas pelo sobrinho Washington Reis, a quem substitui no poder – pelo menos no papel – desde abril do ano passado.

A surpresa ficou a cargo do vereador Alex Freitas (Solidariedade), que preside na Casa a Comissão de Educação. Freitas está questionando a contratação da empresa Gaia Service por R$ 120 milhões, para fornecer mão de obra e prestar serviços à Secretaria Municipal de Educação, conforme o elizeupires.com havia revelado na matéria Empresa citada pelo MPF no esquema de fraudes na Secretaria Estadual de Saúde ganha contrato de R$ 120 milhões na Educação de Caxias, veiculada no dia 24 de janeiro.

O parlamentar leu em plenário um requerimento com pedido de informações sobre a Gaia Service, mas quem acompanha de perto os trabalhos na Câmara Municipal não tem muitos motivos para acreditar que a Casa comandada pelo vereador Celso Luiz Pereira do Nascimento, o Celso do Alba, aja de forma mais contundente contra o governo

“Como presidente da Comissão de Educação desta Casa, vamos acatar todas as denúncias dessas empresas terceirizadas no município, para que possamos tomar medidas firmes, assim como, fazermos uma comissão para ir ao Tribunal de Contas”, disse Alex Freitas em plenário, prometendo que também enviaria ofício à Secretaria de Saúde para que a empresa deixasse de atua no Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo.

“É inadmissível a empresa Gaia ganhar uma licitação, querer prestar um serviço, sem apresentar uma certidão”, emendou o vereador, citando que a antecessora da Gaia na Educação, a Cooperativa Central de Trabalho (Cootrab), fez mais de três mil demissões e ainda não teria pago os direitos dos agora ex-colaboradores.

Filme queimado – A Gaia Service é uma velha conhecida da Justiça e do Ministério Público. Ela vem atuando município desde 2013, com o nome de Atrio-Rio Service Tecnologia e Serviço, uma de várias sociedades empresariais da longa lista de negócios apontada por órgãos de investigação como sendo comandadas indiretamente pelo empresário Mario Peixoto, preso em maio de 2019 na Operação Favorito, no âmbito de um inquérito instaurado pelo MPF para apurar um suposto esquema de fraude em licitações e contratos com o governo estadual.

Atualmente a Gaia Service tem três contratos em vigor na Prefeitura de Caxias, todos assinados já na gestão de Wilson Reis. Os três somam R$ 192,2 milhões. Sãos os contratos 01-018/22 (R$ 29.490.780,00), 01-019/22 (R$ 41.899.999,00) e o contrato 01-002/2023 (R$ 120.873.285,00).

Ao todo, só na gestão de Wilson Reis a Gaia Service recebeu mais de R$ 120 milhões. Foram R$ 12.038.770,00 em abril de 2022, R$ 12.015.978,52 em maio, R$ 11.928.174,39 em junho, R$ 13.246,385,28 em julho, R$ 13.489.022,10 em agosto, R$ 13.966.789,00 em setembro, R$ 14.030.950,29 em outubro, R$ 10.349.696,06 em novembro, R$ 17.777.975,54 em dezembro, e R$ 1.424,264,44 em janeiro.

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