MPs no Rio se unem para acompanhar casos de intolerância religiosa

O MPF, por exemplo, quer saber se há omissão por parte do poder público

As ações criminosas contra templos de Umbanda e Candomblé no Rio de Janeiro chamaram a atenção dos ministérios públicos estadual e federal, que decidiram atuar juntos para acompanhar as investigações. Os trabalhos em conjunto deverão ser iniciados nesta segunda-feira. O MPF já instaurou uma notícia-fato para averiguar se há omissão por parte do poder público no combate a estes crimes e a Policia Civil quer saber se há envolvimento de supostos pastores nestas ações. Na sexta-feira, por exemplo, o pastor Daniel Martins Francisco foi autuado na 58ª DP (Posse) por quebrar imagens. Ele é apontado como líder de uma igreja evangélica no bairro Jardim Paraíso, em Nova Iguaçu. O secretário de Direitos Humanos Atila Nunes diz não crer que verdadeiros pastores estejam envolvidos, mas sim alguns fanáticos. Ele defende a criação de uma delegacia específica para registrar corretamente casos e gerar dados estatísticos para mapear os crimes.

A intolerância religiosa não é novidade no Rio, mas este ano descambou para a violência. Para protestar, cerca de 30 mil pessoas estão sendo esperadas hoje na Praia de Copacabana, na Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa. Deverão participar representantes do candomblé e umbanda, católicos, budistas, muçulmanos e até evangélicos. Na semana passada dois vídeos foram divulgados nas redes sociais, com imagens nas quais traficantes aparecem coagindo religiosos para destruir imagens do culto de matriz africana. Um caso foi em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e o outro na Ilha do Governador. O mais estranho é que os bandidos gritavam frases de efeitos muito comuns em algumas igrejas denominadas de neopentescostais.  

A união dos ministérios públicos foi decidida em reunião da qual participou o secretário Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do governo federal, Juvenal Araújo Júnior. Só no mês de julho o Disque Combate ao Preconceito – serviço do governo estadual – recebeu 32 denúncias de intolerância em todo o estado do Rio, oito ocorreram do município de Nova Iguaçu. Uma nova reunião está marcada para terça-feira.

No entender da procuradora da República Ana Padilha, Estado tem a obrigação de proteger as vítimas e as casas religiosas. “Esses ataques são intoleráveis em um país laico em que as pessoas têm que respeitar as outras”, afirma ela, que pretende centrar as averiguações nos órgãos de segurança e de acolhimento às vítimas dos crimes. “A partir do momento em que há um crescente aumento desse tipo de crime e agressão, algo tem que ser feito, o poder público tem que coibir essa violência”, completa.

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