Maricá pagou R$131 milhões a empresas ligadas ao “Fantasma”

Em abril do ano passado, os funcionários de uma das empresas protestaram contra atraso de salários

Duas firmas registradas em nome da mulher de Fernando Trabach tiveram empenhados a seu favor de R$185 milhões nas gestões dos prefeitos Quaquá e Fabiano Horta, ambos dos PT

Levadas para Maricá na gestão do prefeito Washington Luiz Cardoso Siqueira, o Washington Quaquá (PT), a Kattak Serviços e a Líbano Serviços de Limpeza Urbana e Construção continuam faturando alto na gestão do prefeito Fabiano Horta, do mesmo partido. As duas empresas estão registradas em nome de Mônica Lima Barbosa, mulher do empresário Fernando Trabach Gomes, o “Fantasma”, apontado pelo Ministério Público como líder de uma organização que teria sido montada para fraudar processos licitatórios em várias prefeituras. Os dois foram presos em agosto na Operação Caça Fantasma e voltaram a ser detidos na última sexta-feira (24), dessa vez sob a acusação de golpe no setor imobiliário, o que é desmentido pela defesa do casal. Ao todo as notas de empenho emitidas entre 2013 e 2017 somam mais de R$185 milhões e do total foi efetivamente paga a quantia de R$131.419.489,48, sendo R$31.589.230,43 este ano.

Responsável pelo serviço de coleta de lixo na cidade, a Kattak chegou à Marica em 2013, tendo faturado naquele ano R$7.142.477.12 de um empenho total de R$7.799.312,40. A Líbano tem contrato para locação de automóveis e lá chegou em 2014, obtendo um empenho de R$604.134,72, mas recebendo apenas R$90.519.58. Nos anos seguintes o faturamento das duas empresas junto à Prefeitura de Maricá foram só aumentando. A Kattak recebeu R$27.740.406,17 em 2014; R$30.048.488,29 em 2015; R$32.117.093,17 em 2016 e este ano – até o dia 31 de outubro – as faturas emitidas por ela e quitadas pela administração do prefeito Fabiano Horta somaram R$30.957.909,89. Já a Líbano Serviços de Limpeza Urbana e Construção recebeu R$1.028.729,02 em 2015; R$1.664.245,45 em 2016 e R$629.420,54 este ano.

De acordo com os registros da Prefeitura, os empenhos emitidos em favor da Kattak foram de R$36.159.291,55 em 2014; R$44.013.901,95 em 2015; R$47.796.480,58 em 2016, enquanto este ano foi empenhado o total de R$42.177.426,63. Em favor da Líbano foram empenhados R$2.597.207,30 em 2015; R$2.494.293,07 no ano passado e R$1.491.765,31 para o exercício de 2017.

O casal foi preso pela primeira vez no dia 8 de agosto no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, quando tentava embarcar para Manaus. Naquele dia foram cumpridos quatro mandados de prisão e 32 de busca e apreensão expedidos pela 3ª Vara Criminal de Duque de Caxias. A meta do Ministério Público naquele dia era apreender contratos e documentos relacionados a 21 sociedades empresariais que, de acordo com os investigadores, teriam sido constituídas com ‘laranjas’ e um ‘fantasma’,  que nesse caso seria o próprio Trabach, acusado pela promotoria de usar uma pessoa fictícia, George Augusto Pereira da Silva, para abrir uma empresa e “cometer crimes licitatórios e contra a ordem tributária”.

Na época os advogados de Fernando disseram que os fatos apresentados pelo MP não são novos, que o empresário sempre esteve à disposição da Justiça e que a prisão dele foi uma medida extrema e desproporcional no caso.

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