Justiça faz ‘Águia’ voar baixo em Santo Antonio de Pádua

Vereador que teria ficado com parte dos salários de assessores tem bens bloqueados a pedido do MP

 

Denunciado à Justiça pelo Ministério Público por supostamente ter ficado com a parte maior do salário de dois assessores, fazer empréstimos no nome de pelo menos um deles, reter o dinheiro e deixar a conta para o funcionário pagar, o vereador Robson de Oliveira Matos, mais conhecido na cidade como Robinho Águia Negra, teve os bens bloqueados para garantir o ressarcimento dos cofres públicos em caso de condenação. A decisão foi tomada na última terça-feira (17), pelo juízo da 1ª Vara de Santo Antonio de Pádua, município do interior do estado do Rio de Janeiro.

O bloqueio no valor de até R$ 409.910,28 é uma medida cautelar na ação movida pelo Ministério Público, que pode resultar ainda em outra prevenção, o afastamento do vereador do cargo, até o julgamento final do processo, que está sustentado em depoimentos de duas testemunhas, ex-assessores que contaram em depoimento que ficavam com apenas uma pequena parte do que recebiam na Câmara de Vereadores, devolvendo o volume maior a Robinho Águia Negra.

As investigações do MP começaram em 2015, a partir de denúncia de Rosimar Lacôrte Marinho. Ela contou ter sido convidada pelo vereador para ocupar um cargo na Câmara, desde que aceitasse ficar apenas com R$ 500 dos R$ 3,6 mil que recebia. A ex-assessora contou que esteve vinculada à Câmara de fevereiro a outubro de 2014, e que foi exonerada enquanto se convalescia de uma cirurgia.

Segundo ela, no período de recuperação era pega em casa, de táxi, para ir ao banco sacar o salário e passar o montante maior para o vereador. Rosimar disse ainda que foi nomeada na vaga de um antigo assessor, Manoel Gonçalves da Silva, que também teria devolvido dinheiro a Robinho.

Desde 2013 – Na ação o MP diz que “o vereador, valendo-se do cargo que ocupava e da autoridade que exercia sobre a assessora, convenceu a mesma a contrair empréstimos, exclusivamente a ele destinados, ao argumento de que seriam pagos com os vencimentos recebidos em razão do cargo”.

Relata ainda a ação, que Rosimar foi exonerada em outubro de 2014, “passando a responder com recursos próprios para pagar a dívida contraída, sendo que o valor recebido foi integralmente entregue ao vereador” que, ainda, relata o MP no processo, “se valeu da mesma autoridade para ludibriar sua ex-assessora, tendo apresentado documentos decorrentes do cálculo de verbas rescisórias para que a mesma assinasse, endossando o crédito para terceiro que, por via transversa seria destinado também ao enriquecimento do demandado (Robson).”

A ação aponta ainda que o esquema funcionava desde janeiro 2013, com a nomeação de Manoel Gonçalves da Silva, que ficou no cargo por um ano, período em que, todos os meses, sacava o salário e ficava com apenas R$ 800 dos R$ 4 mil que “recebia”. Rosimar revelou ao Ministério Público que foi exonerada “quando ainda estava em casa se recuperando da cirurgia” e que Robson foi à residência dela “e pediu que assinasse alguns documentos”, o que ela fez “sem lê-los”.

A ex-assessora contou que Robson “pediu que assinasse o verso de um cheque nominal emitido pela Câmara de Vereadores de Santo Antônio de Pádua, explicando que se tratava do pagamento do 13º salário”, o que ela não teria recebido até hoje.

O espaço está aberto para qualquer manifestação. Com a palavra o vereador Robson de Oliveira Matos. 

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