● Elizeu Pires

Para alguns observadores mais atentos às movimentações políticas em Japeri, na Baixada Fluminense, a síndrome da quinta-série pode estar acometendo alguns parlamentares da cidade, pois, dia desses um deles teria tentado conduzir para a Delegacia Policial o secretário de Saúde como se tivesse motivo e autoridade para tal, e no fim de semana travou-se uma batalha virtual contra a prefeita da cidade, Fernanda Ontivero, pelo fato de que os arredores de uma praça que estava comprometida para atendimentos médicos através de uma unidade móvel de saúde não terem sidos liberados para uma festa pelo Dia das Crianças.
O “barulho” da vez se deu na Câmara de Vereadores, durante a sessão da última terça-feira (14), com relatos sobre a atuação de um grupo de oposição que decidiu visitar unidades municipais de educação e saúde em busca de “irregularidades”.
A intenção seria a de revelar desperdício, favorecimento e descuido com o dinheiro público, mas o roteiro terminou em ironia, pois nas unidades visitadas, encontraram – segundo eles próprios relataram – uma grande quantidade de materiais, como luvas, uniformes, mochilas, papel chamex, álcool, sabonete líquido e papel toalha, todos devidamente armazenados.
O que seria uma grande descoberta se transformou em constrangimento coletivo. Diante do estoque cheio, o discurso precisou mudar às pressas: se antes a suspeita era de falta, o problema passou a ser o “excesso”. Assim, a visita que pretendia apontar falhas acabou servindo para comprovar organização e abastecimento.
O episódio soou como um ensaio de política estudantil: um esforço para achar o que não existe e, no fim, confirmar o que se negava. No saldo final, o desperdício que se viu não foi de material – foi de argumento.