Interino de Silva Jardim tenta sair da reta do pagamento à ex-prefeita, mas a assinatura foi dada sem que a folha tivesse sido conferida

Jaime teria acreditado na “boa-fé e na razoabilidade que deve nortear a coisa pública”

Jaime Figueiredo, prefeito interino de Silva Jardim – pequeno município do interior do estado do Rio de Janeiro – , deverá voltar ao trabalho nesta segunda-feira (25) de cabeça inchada. Embora tenha sido veiculada uma mensagem nas redes sociais dizendo que não é ele o responsável pelo pagamento de mais de R$ 70 mil à ex-prefeita Maria Dalva do Nascimento, a Cilene, e que a folha de pessoal referente ao mês de outubro já estava fechada quando Jaime assumiu, está claro que a folha de salários foi enviada ao banco para quitação com a assinatura eletrônica dele. Isto, inclusive, está na mensagem que gera mais questionamentos que esclarecimentos.

É preciso saber, por exemplo, porque a folha de salários não foi checada pela equipe do governante interino, embora houvesse tempo suficiente para isto. O texto diz que a folha foi “enviada ao banco para pagamento por sua assinatura eletrônica”, mas sem que “ele tivesse dado está ou aquela ordem de pagamento, acreditando ele (Jaime) na boa-fé e na razoabilidade que deve nortear a coisa pública”. Isto equivale a dizer que o novo governo deu sua assinatura digital para liberar a folha de pagamento fechada pelo anterior sem ver o que estava pagando, questionamento que o prefeito terá de responder, pois os vencimentos de outubro só começaram a ser pagos em 7 de novembro, nove dias após a posse do interino, ocorrida no dia 29 de outubro.

A nota a diz que a ex-prefeita desrespeitou norma de sua própria administração, mas em nenhum momento informa sobre um levantamento na folha, sugerindo que haveria dificuldade para isto fosse feito, pois a relação de pagamentos, alega-se na nota, é enviada em arquivo fechado, com os indicados para receber identificados apenas pelas matrículas.

“Após o fechamento a folha é encaminhada a outros departamentos para que se possa efetivar os depósitos, encaminhando o arquivo fechado ao banco pagador, com informações e identificações somente por matrícula, não estando disponível a pormenorização ou detalhamento de cada servidor, passando a ser identificado apenas por matrícula e caso se queira a informação de cada servidor teria que abrir um por um cada recebimento”, diz a nota

Se a equipe do novo prefeito tivesse se dado ao trabalho de conferir o que estava para ser pago, em vez de acreditar na “na boa-fé e na razoabilidade que deve nortear a coisa pública”, iria descobrir o privilégio a tempo e evitar uma injustiça com centenas de pessoas que aguardam para receber suas verbas sucessórias, alguma delas há mais de dois anos.

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