“Porque a Bíblia não é a Constituição”

O texto abaixo foi escrito por mim no dia 16 de junho de 2013 e causou muita polêmica. Trago-o de volta hoje por sugestão do momento. A semana que passou foi marcada pela confirmação do direito ao casamento gay nos Estados Unidos e pelo recrudescimento da intolerância religiosa no Brasil. Quando digo que a Bíblia não é a Constituição chamo a atenção para aquele que lê uma coisa, entende outra e sai por ai achando que está seguindo as “leis de Deus” expostas no que chama de “Livro Sagrado” e atentando contra o direito sagrado de todos nós: a liberdade de vivermos da forma que quisermos e fazer o que bem entendermos, desde que nossos procedimentos, comportamento e maneira de pensar não violentem o nosso próximo.

“O casamento entre pessoas do mesmo sexo é pecado”. É com esse pensamento que a bancada evangélica na Câmara dos Deputados trabalha contra a união gay agora legitimada. Esses nobres representantes do povo também conseguiram tirar de circulação uma campanha de prevenção a doenças sexualmente transmissíveis porque a peça publicitária tinha como slogan a frase “Sou feliz sendo prostituta”. Esse bloco atua também contra o uso de imagens religiosas em repartições públicas – ao mesmo tempo em que defende monumentos à Bíblia nas praças que também são públicas -, mas parece não ver nada demais ter no grupo ladrões do dinheiro público. Com isso sugere que casamento gay e uma prostituta declarar-se feliz é pecado diante aos olhos de Deus, mas afanar não.

   

Defensora da honra, da moral, da família e dos bons costumes, a bancada evangélica se preocupa demais com a vida dos outros e não olha para o próprio rabo. Ataca usando a Bíblia como Constituição naquilo que a deixará bem com os fieis das igrejas e eleitores em potencial, mas ignora o que a Bíblia diz lá em Êxodo 20, no oitavo mandamento “Não furtarás”. Pois é, parece que aos olhos desses deputados-pastores roubar o dinheiro público é menos grave ou não tem gravidade alguma. Parece que isso não é crime e nem pecado na concepção da maioria dos membros dessa bancada, pois 57% deles respondem a processos judiciais por vários delitos, inclusive formação de quadrilha, peculato e sonegação fiscal, desrespeitando, nesse caso, também o décimo mandamento: “Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo”. 

Esses parlamentares que assim se comportam, andam na contramão. Atropelam montados na ignorância e na intolerância, falam como se fossem exemplos de boa conduta, donos de uma verdade que só os seus iguais acreditam. É preciso que se entenda que vivemos em estado democrático de direito, que os direitos individuais do cidadão – independente do que se lê na Bíblia – são sagrados e que essa garantia é constitucional.

O Brasil tem uma Constituição aprovada e promulgada. Pode até ser falha em alguns pontos, mas é a Constituição e tem de ser respeitada. Se uma pessoa é feliz sendo prostituta ninguém tem nada com isso, se dois homens ou duas mulheres querem oficializar sua união isso é direito e problema deles. Se os evangélicos são contra, que não aceitem isso entre os seus, mas não venham, em nome da Bíblia, pretender condenar os que dessa forma são felizes.

Que tal refletirmos um pouco sobre isso nesse domingo que só está começando?

Tenham um excelente dia em família. Fiquem todos na graça do Grande Pai. Prometo voltar amanhã, às oito em ponto, se Ele assim me permitir.

Comentários:

  1. Tenho como vizinhos um casal gay e em nossa rua não há nenhum preconceito contra esses dois seres humanos fantásticos. Cada um que viva do jeito que achar melhor e os pastores não tem nada a ver com vida de ninguém. Querem se meter, que o faça, na vida dos que vão à suas igrejas.

  2. Isso, se acontecesse, poderia até me entristecer, mas não me daria o direito sequer tentar impedir. As pessoas são livres para serem felizes do jeito que bem entenderem. O fato de eu não gostar de jiló não me dá direito de impedir que você nem ninguém o coma.

  3. O direito de cada um tem de ser respeitado e ponto final. O que não podemos aceitar é a apologia. E é o que temos visto já a algum tempo na mídia com relação ao público LGBT. Principalmente em novelas.

    Digo isso porque as crianças, embora muito mais informadas do que eu em minha época, ainda não tem discernimento o bastante para tratar de assuntos que não deveriam estar a mesa delas com tão pouca idade.

    Finalizando meu humilde comentário, o Pastor Adalto perdeu uma grande chance de ficar quieto, assim como o Malafaia e até o próprio Boechat na semana passada, mas respeito o comentário dele, pois sou pai e hoje, não tenho como ter controle sobre todas as informações que chegam aos meus filhos. Só me resta rezar para que eles tenham boa índole, honestidade, saúde, discernimento para distinguir o certo do errado e felicidade na vida.

    Fiquem com Deus.

  4. Acho que o Elizeu foi agressivo com o pastor Adalto. Não precisava responder desse jeito. Eu acho que a Bíblia está certa e Constituição errada. O ser humano se perde com tanta liberdade. Os jornalistas, por exemplo.

  5. Ester, guardadas as devidas proporções, comentários e interpretações errôneas e fora de contexto e época como a sua, são os causadores de alguns absurdos que temos visto nos noticiários ultimamente, como as ocorridos na França, Tunísia, Kuwait, EUA, etc.

    Irmão Carlos, não achei o Elizeu agressivo na resposta ao Pastor Adalto.

    Temos que tomar muito cuidado com o que escrevemos e com o que falamos.

    O Brasil tem várias mazelas e não precisa de mais uma chamada intolerância religiosa.

  6. Não há uma apologia ao público LGBT. A mídia apenas tenta retratar a atual realidade.
    As crianças de hoje tem discernimento para entender o assunto se forem bem informadas. Já cansei de ver mães falando no face que assistiam algo na tv e passava um beijo entre homens ou mulheres e a criança entendia e comentava com ela que eram apenas duas pessoas se amando e que se quisessem ter filhos poderiam adotar.
    As crianças de hoje entendem, o problema é que tem muitos adultos que não querem que elas entendam. Cresci com minha mãe me criando com as morais cristãs, mas nunca vi problema em ver duas pessoas do mesmo sexo se beijando, se casando ou adotando, embora ela seja oposta a achar certo.

  7. Os pastores que apontam o dedo deveria cuidar de seus rebanhos, porque nas igrejas também há gays. Deus está no coração de quem nele acredita nele. Somos todos filhos de Deus, mas o ser humano tem a mania de fazer acepção de pessoas, o que a própria Bíblia. “Vinde a mim os que estão cansados e oprimidos”, disse Jesus e ai vem um bastor qualquer interpretar isso do jeito errado, afastando as pessoas da fé.

  8. Definição de apologia: “Discurso ou escrito para justificar, defender ou louvar uma pessoa ou uma doutrina”.

    Se o que temos visto ultimamente não é apologia, não sei mais o que é.

    As novelas de um famoso canal de TV vem sistematicamente tratando do assunto com fervor e para não ir muito longe, lembro que a última novela das 8 tinha em seu enredo 6 gays e a atual, 2 lésbicas e 2 pretensos gays.

    Nada contra o público LGBT, muito pelo contrário, pois tenho amigos e amigas não héteros, mas não acho que os autores de novelas sejam as pessoas mais indicadas para defender esta causa e o horário e o veículo também não são os certos.

    Dizer que uma criança tem discernimento para entender do assunto é no meu entendimento um erro, pois generaliza. Quem tem filhos sabe do que estou falando.

  9. Amigos evangélicos e pastores. Ninguém quer impedir vocês de seguirem a Bíblia e a sua própria fé. Vocês tem o direito de não concordar com os homossexuais. Mas vocês não tem direito nenhum de querer opinar e influir na vida das pessoas. O estado é laico. O fato da Bíblia da condenar algo só tem importância para quem é cristão. Para quem segue outra fé ou é ateu, pouco importa o que o texto sagrado fala. Pensem nisso.

  10. Agora é falta de respeito uma pessoa declarar que não segue a Bíblia e não a considera sagrada? Os cristão hoje em dia tem mania de perseguição, sendo q o poder deles só tem aumentado. Parem com isso. Não tentem criar uma guerra contra um inimigo que não existe. O números de igrejas aumentam a cada dia, vocês fazem cultos que fecham o Aterro do Flamengo, elegeram vários pastores nas ultimas eleições, etc. Aonde vcs querem chegar?

  11. Deus abomina o pecado, mas ama o pecador.
    Respeito os meus irmão homossexuais, mas não sou a favor do casamento de pessoas do mesmo sexo, uma vez que vai contra as leis de Deus. A palavra de Deus diz : “Por isso o homem deixará a sua casa e se unirá a sua mulher e os dois serão uma só carne”. Deus instituiu o casamento entre o homem e a mulher e não entre dois homens ou duas mulheres.
    Essa é a minha opinião.

  12. A matéria diz que a Bíblia não é a constituição. As leis de Deus estão na Bíblia e a Bíblia nãé e lei aqui na terra. A bancada evangélica e os evangélicos tem todo o direito de serem contra o casamento gay, mas não o de impedir. As leis de Deus valem dentro das igrejas e não para a sociedade e os evangélicos precisam entender isso.

  13. Na sua concepção isso é desrespeito, mas significa liberdade de expressão e os evangélicos tem todo o direito de se manifestarem contra isso. Eles não tem o direito de agredir, pois a Bíblia do a ferro e fogo não é a Constituição. Pode ser a lei das igrejas, mas não do mundo livre,

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