Lealdade de líderes evangélicos custa R$ 1,4 bilhão em impostos perdoados

Generosidade do Congresso foi recomendada pelo presidente Jair Bolsonaro o veto a cobrança de impostos das igrejas dele foi derrubado

Elizeu Pires

Jair Bolsonaro foi batizado no Rio Jordão pelo hoje presidiário Everaldo Dias

Ferrenho opositor às medidas que vedem aglomeração de pessoas e restrinjam o funcionamento do comércio, o presidente Jair Bolsonaro tem entre os evangélicos o seu público mais fiel. Também não poderia ser diferente: o presidente é contra o fechamento de igrejas na pandemia e o pagamento de impostos por esses estabelecimentos que, em alguns casos, faturam mais que muitas das grandes empresas que geram empregos e renda no país.

Na semana passada, abanado por Bolsonaro, o Congresso derrubou o veto dado por ele mesmo a um projeto de lei que determina o pagamento de tributos pelas igrejas. Com o isso a Receita Federal vai deixar de arrecadar R$ 1,4 bilhão em quatro anos. Essa semana surgiu a ameaça de “medidas mais duras do governo”, o que seria decretação de estado de defesa ou de sítio. Imediatamente levantou-se uma voz evangélica apoiando as tais “medidas mais duras” e veio, adivinhem de quem? Acertou quem pensou em Silas Malafaia, aquele pastor que só fala gritando e detesta opiniões divergentes.

Com a derrubada, as dívidas tributárias acumuladas pelas igrejas – um total de R$ 222 milhões – ficam anuladas, e a estimativa é de que a renúncia tributária chegue ao total de R$ 1,4 bilhão nos próximos quatro anos, alto preço a ser pago pela fidelidade de líderes religiosos como Silas Malafaia, Waldemiro Santiago, RR Soares, Marcos Feliciano e o “bispo” Edir Macedo, dono da seita Igreja Universal do Reino de Deus.

Para vetar o projeto o presidente Jair Bolsonaro alegou que a isenção foi aprovada sem compensação fiscal, o que poderia ser classificado como crime de responsabilidade. Mesmo alegando isso e ele se colocou a favor do não pagamento de impostos por parte das igrejas, recomendando que os deputados derrubassem o veto, e disse que se estive no Parlamento derrubaria também.

Pois bem, a presidente faz média com seus apoiadores de Bíblia nas mãos e entrega a conta para o povo pagar. Agora dá para entender a razão de os “representantes de Deus na terra – alguns deles acham que são isso mesmo – batem palmas para tudo que Bolsonaro fala.

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