Do indispensável defeito de pensar

Uma reflexão de ano novo

● Elizeu Pires

“O homem, meu general, é muito útil. Sabe voar e sabe matar, mas tem um defeito: sabe pensar.” O trecho de um poema do dramaturgo, poeta e encenador alemão Eugen Bertholt Friedrich Brecht, ecoa como conselho aos que ainda ousam tratar o ser humano como máquina.

Máquina de trabalhar… de votar, por exemplo; escravo do estado, esse sim, um engenho emperrado, mas sempre pronto para consumir o que a máquina-homem produz.

Pois é, está na hora de o homem expor esse seu defeito formidável, exercitando o pensar de forma ampla, geral e irrestrita, mostrando-se com toda a sua capacidade de agir em favor do bem comum…

Que tal completar – aos ouvidos dos que se sentem donos e senhores de tudo – o que Brecht sabiamente deixou fluir de sua alma?

“O vosso tanque, general, é um carro forte. Derruba uma floresta, esmaga cem homens, mas tem um defeito: precisa de um motorista. O vosso bombardeiro, general, é poderoso. Voa mais depressa que a tempestade e transporta mais carga que um elefante, mas tem um defeito: precisa de um piloto”…

Combinamos assim: somos indispensáveis enquanto seres humanos, e não há máquina que nos substitua na missão de amar e no ato de fazer um mundo melhor. Então façamos a diferença, pois afinal somos motoristas e pilotos dessas engenhocas todas.

Feliz ano novo!