Bancada bolsonarista foi decisiva na derrubada de projeto de lei que autorizava decretação de isolamento total no Rio

Felipe Poubel: “”Não há nenhum estudo técnico sobre a efetividade do lockdown no estado. É um absurdo quererem fechar tudo e agravar ainda mais a falência econômica que já está fazendo milhares de pessoas passarem necessidades”

A atuação da bancada bolsonarista foi decisiva para a derrubada do projeto de lei do lockdown, discutido nesta terça-feira (19/05), em sessão remota da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). A proposta tinha objetivo de autorizar o Estado do Rio a adotar medidas ainda mais restritivas como forma de enfrentamento ao coronavírus.

Desde o início da manhã, Dr. Serginho (Republicanos) começou a conversar com deputados para obstruir a pauta e impedir a votação do PL 2338/2020, de autoria de Renan Ferreirinha (PSB) e mais dois parlamentares do considerado “baixo clero”. Ao longo da discussão na sessão remota, Dr. Serginho declarou que estava retirando a obstrução, por ter garantia de que o projeto seria derrotado no voto, e para que pautas importantes para a população pudessem ser votadas ainda na sessão desta terça-feira.

Através de votos nominais, a proposta foi recusada por 55 deputados, 13 abstenções e 1 voto favorável. Na avaliação de Dr. Serginho, o isolamento total agrava ainda mais a crise sócio-econômica, diante do fechamento prolongado de comércios e indústrias. “Queremos a reabertura imediata dos comércios com responsabilidade, critérios para resguardar a saúde das pessoas. O confinamento obrigatório é absurdo”, afirmou.

Filippe Poubel (PSL), que utilizava uma máscara com a frase “Fora Witzel”, percorreu hospitais de campanha e disse ter encontrado apenas lonas e divisórias, sem equipamentos instalados nas unidades, cujas datas de inauguração foram adiadas.

“O prolongamento da quarentena só é importante para corruptos, para manterem o caos econômico como estratégia política para tentar enfraquecer o governo federal, e facilitar a roubalheira em contratos sem licitação e compras superfaturadas. Sou contra o lockdown e a favor do isolamento vertical em que as pessoas do grupo de risco ficam em casa, e as demais voltem a trabalhar, obviamente obedecendo as orientações exigidas pelas autoridades sanitárias”, declarou Poubel.

Para o também bolsonarista Renato Zaca (sem partido), não existia justificativa para implantação de medidas mais restritivas. “Não há nenhum estudo técnico sobre a efetividade do lockdown no estado. É um absurdo quererem fechar tudo e agravar ainda mais a falência econômica que já está fazendo milhares de pessoas passarem necessidades. Por que não promover uma reabertura gradual do comércio, investindo em cuidados de proteção da população?”, defendeu.

Em tom exaltado, Alana Passos (PSL) se posicionou contrária ao fechamento total e afirmou que a corrupção no governo tem matado mais do que o coronavírus. “Infelizmente, temos grandes números de mortos nas estatísticas por irresponsabilidade do governador e da má gestão dos recursos públicos. Eu sei o que é ver um filho pedir e você não ter para dar. É preciso dar condições para as pessoas trabalharem”, pediu a deputada.

Anderson Moraes (PSL) também destacou que o isolamento está matando mais do que a Covid-19, por isso votou contra o lockdown. “Um governo com várias denúncias de superfaturmento e irregularidades não pode falar em fechar tudo, quando não dá condições de as pessoas terem o que comer. É absurdo fazer isso com a população, que está sendo sujeita a morrer de fome”.

Ao término da votação, o projeto de lei foi considerado inconstitucional por ampla maioria, recusado não só por bolsonaristas, como também pelo presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), deputados da esquerda, de centro e até Bruno Dauaire (PSC), líder do partido do governador Wilson Witzel na Alerj. “Essa votação não tem relevância. Municípios já estão implementando esse tipo de medida, mas sem trazer dados científicos e números oficiais que respaldem decisão”, justificou Dauaire.

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