Advogado citado como representante da Unir Saúde diz ser amigo do governador, revela que vez doação para a campanha de Witzel, mas nega que seja representante da OS investigada por fraude

Para reabilitar a OS Witzel ignorou dois pareceres emitidos por procuradores do Estado

“Somos amigos. Conheci o governador quando ele era juiz, há algum tempo atrás”. A declaração é do advogado Antônio Vanderler de Lima, citado por representantes do Instituto Unir Saúde como advogado da organização social, que está sob investigação por fraudes na gestão de várias UPAs na Baixada Fluminense. Ele confirmou ainda que doou R$ 40 mil para a campanha de Witzel, mas nega ligação com a instituição. Segundo ele, quem presta serviços a Unir é um escritório de advocacia, do qual Antonio Vanderler de Lima Junior, seu filho, é sócio.

Antonio prestou depoimento ontem (29) junto à Comissão de Fiscalização dos Gastos na Saúde Pública Durante o Combate do Coronavírus e da Comissão de Saúde, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. “Nunca fui advogado de nenhuma OS e não presto serviço para nenhuma empresa ligada ao governo do estado. Há 40 anos trabalho no escritório Oliveira Lima Advogados Associados e o único contrato feito com o governo foi há quatro anos, em uma prestação de serviço com a Cedae”, disse.

Visitas para “bater papo” – O advogado disse ainda em seu depoimento que pouco tem encontrado Witzel depois da eleição. “Durante esse mandato só estive no Palácio Guanabara uma ou duas vezes para bater papo, mas não conversamos sobre nenhum assunto profissional”, acrescentou Antonio.

Indagado se tinha feito alguma doação para a campanha do governador o advogado respondeu que sim, uma no valor de R$ 40 mil. “Isso está na minha declaração do Imposto de Renda, nunca escondi isso de ninguém. E ter feito essa contribuição na campanha jamais facilitou o meu trânsito no Palácio, pelo contrário, o tempo do governador ficou ainda mais escasso e nos vimos pouco desde que ele foi eleito”, concluiu.

Mais doação – O Instituto Unir Saúde foi desqualificado pelo governo estadual em outubro 2019 por irregularidades com recursos recebidos do Estado, mas foi reabilitado em março desde ano pelo governador Wilson Witzel, voltando a ficar apto para disputar licitações. A reabilitação da OS, entretanto, foi tornada sem efeito em maio, após as prisões dos empresários Mário Peixoto e Luiz Roberto Martins, apontados como sócios ocultos do Instituto Unir.

No último dia 20, também durante um depoimento à Comissão de Saúde e Gastos com a covid-19, foi revelado que um diretor da organização doou R$ 75 mil ao Partido Social Cristão para a campanha de Witzel. A doação foi feita por Bruno José da Costa Kopke Ribeiro, que era diretor médico da organização.

Pareceres ignorados – Embora alertado sobre as irregularidades praticadas pela OS na gestão das UPAS o governador decidiu revogar, no dia 23 de março, o ato que a desclassificou e que a impedia de assinar novos contratos com a Secretaria de Saúde. Para tanto ele ignorou pelo menos dois pareceres emitidos contra o Instituto Unir Saúde.

Em um dos pareceres o procurador do Estado Denis Moreira Monassa Martins informou que as irregularidades encontradas no instituto “impactam sobremaneira na qualidade da assistência prestada à população, inclusive com risco à saúde, incolumidade e à vida dos pacientes, acompanhantes e colaboradores”.

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