Suposta articulação para lockdown em Itatiaia está sendo vista como manobra para adiar eleição suplementar ou, no mínimo, esfriar a disputa

Elizeu Pires

De acordo com o último boletim da Prefeitura de Itatiaia, esse município do Sul Fluminense, com eleição suplementar marcada para daqui a menos de um mês, tem 1.144 casos confirmados de Covid-19 e 24 óbitos resultantes da doença, numero, felizmente, estacionado deste fevereiro. Porém, o prefeito interino Imberê Moreira – que corre na disputa eleitoral e seria um dos contaminados pelo novo coronavírus – estaria articulando nos bastidores a edição de um decreto estabelecendo um lockdown na cidade, o que, se acontecer, poderá melar a eleição ou, no mínimo, esfriar a campanha.

Informações nesse sentido chegaram aos ouvidos de lideranças envolvidas nas campanhas dos candidatos, e soaram como bomba na noite nesta segunda-feira (15), no ambiente do candidato do PTB, o empresário Irineu Nogueira, visto como principal adversário do interino, com a suposta ameaça de fechamento total da cidade, com recolhimento geral, sendo atribuída a suposto aconselhamento do ex-prefeito de Resende José Rechuan (PSDB), que é apontado como homem forte do governo interino. Diante disso figuras de proa do grupo de Irineu, sugerem que, em tempos de pandemia, uma injeção de fidelidade partidária talvez fizesse bem ao ex-prefeito de Resende. Isso porque Rechuan é do mesmo partido do companheiro de chapa de Irineu, Denilson Sampaio.

Para alguns observadores mais atentos ao jeito de fazer política adotado nos últimos anos em Itatiaia, a medida considerada extrema contribuiria para adiar a eleição suplementar marcada para o próximo dia 11 de abril, e a atribuição a Rechuan da ideia, afirmam, ser pelo fato de que o ex-prefeito de Resende não estar nem aí para Denílson, o que não seria nenhuma novidade no sul do estado.

Segundo os mesmos observadores,  o ex-prefeito de Resende e principal nome do PSDB na região, passou toda a pré-campanha de 2020 ignorando a pré-candidatura de Denílson, e teria tentado fazer a cabeça de Irineu para desistir da corrida eleitoral e apoiar a candidatura do então prefeito Eduardo Guedes, que ganhou e não levou a eleição passada por tentar um terceiro mandato consecutivo, o que é inconstitucional.

Esse “tô nem aí” teria ficado ainda mais evidente pelo fato de o tucano ter continuado a ignorar Denílson mesmo depois da queda de Dudu em dezembro do ano passado, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indeferiu a candidatura do ex-mandatário e determinou  nova eleição em Itatiaia.

Em janeiro deste ano, alheio a Denílson, que obteve quase três mil votos em 2020 e acabou se juntando a Irineu para a disputa do pleito suplementar, Rechuan demonstrava forte influência na composição do primeiro e segundo escalão do governo de Imberê. Agora surge essa de que o ex-prefeito de Resende estaria orientando para uma medida que se levada a efeito poderá pelos menos esticar por mais tempo o governo interino.

Entretanto, uma fonte ligada ao governo temporário afirmou agora há pouco, que “ninguém está pensando em medida tão radical nesse momento”.

*Matéria atualizada às 20:42 para acréscimo de informação.

*O espaço está aberto para manifestação dos citados na matéria.

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