Morosidade do TSE e STF privilegia políticos infratores de Itatiaia, que continua sem eleição democrática para escolha do novo prefeito

● Elizeu Pires

A defesa de Eduardo Guedes quer inovar: tenta fazer dele o primeiro prefeito no Brasil a ser declarado eleito sem vice

Apresentando informações inverídicas a Ricardo Lewandowski em relação a um processo de indeferimento de candidatura por tentar exercer um terceiro mandato consecutivo, o ex-prefeito de Itatiaia Eduardo Guedes, o Dudu, conseguiu uma decisão parcialmente favorável do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que no último dia 20 de agosto suspendeu a eleição suplementar na cidade do Sul Fluminense, então marcada para o dia 11 de setembro.

Em outro processo, esse no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Dudu tenta dividir o indivisível em relação a uma segunda impugnação na eleição do ano de 2020, no caso o indeferimento do Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários (DRAP) em razão da convenção fraudulenta do PSL em setembro daquele ano, que na ocasião definiu o nome do vice Sebastião Mantovani, o Jabá, para compor a chapa ao lado de Guedes. Nesse processo a defesa estaria tentando desvencilhar Dudu de Jabá para tentar inovar a política brasileira ao transformar o moço no primeiro prefeito eleito sem vice do país, e de quebra exercendo o terceiro mandato consecutivo.

Ao que tudo indica, Dudu e Jabá não se preocuparam com a legislação e muito menos com a Constituição Brasileira ao entrarem na corrida eleitoral de 2020 nas condições que entraram. Provavelmente a dupla acreditou que pudesse reverter tudo, ou quase tudo, no tapetão ao contratarem escritórios de advocacia considerados caros na tentativa de conseguir de algum magistrado uma decisão capaz de fazer um boi voar. Afinal, Itatiaia tem um histórico de liminares milagrosas, que o diga o ex-prefeito Luiz Carlos Ferreira Bastos, o Ypê, que foi flagrado na campanha eleitoral de 2012 utilizando caminhões de uma empresa contratada pela prefeitura para transporte de material de campanha. Embora condenado, o político conseguiu tomar posse e esticar seu mandato até a reta final na base de recursos no TSE, que só resolveu o imbróglio em julho de 2016, quando, o então secretário da Câmara, Dudu assumiu o cargo até ser eleito presidente da Câmara no mês seguinte, quando entrou oficialmente na linha sucessória de Ypê e iniciou seu primeiro mandato.

Se Ypê conseguiu infringir a lei e exercer quase um mandato inteiro sob a batuta dos recursos no TSE, Dudu não conseguiu reaver a caneta de ouro de Itatiaia embora tenha conseguido ganhar tempo e manter seu grupo político no poder, na base da interinidade. Na semana passada, o TSE adiou o julgamento dos embargos da defesa de Dudu no processo do DRAP, embora teoricamente o embargo não tenha a finalidade reverter a impugnação da chapa e sim sanar dúvidas em relação à sentença, que, por sua vez, não chegaria ao STF em razão de não se tratar de matéria constitucional. O Ministro Lewandowski, por sua vez, ainda não decidiu se mantém ou retifica sua decisão. Enquanto isso, a população de Itatiaia segue sem exercer seu direito constitucional de escolher pelo voto seu governante.

A defesa de Eduardo Guedes quer inovar: tenta fazer dele o primeiro prefeito no Brasil a ser declarado eleito sem vice.

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Comentários:

  1. Infelizmente temos uma justiça lenta que proporciona esse tipo de caus. Um crime atrás do outro o que vem ocorrendo no Município de Itatiaia. A grande vítima continuará sendo a população que paga altíssimo preço moral pela ganância de alguns. Como nesse caso.

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