Prefeito faz gastos milionários sem transparência. Não revela o que está cobrando e os vereadores não estão nem ai…
● Elizeu Pires
A Prefeitura de Queimados continua omitindo informações sobre a compra de R$ 7,3 milhões em tablets, feita sem licitação pela gestão do prefeito Glauco Barbosa Hoffman Kaizer (Solidariedade), no apagar das luzes do ano passado. Também não revelou até agora quantos aparelhos já teriam sido entregues pela empresa Conesul Comercial e Tecnologia Educacional, que recebeu o valor global da compra dois dias após a assinatura do contrato. Mas todo esse segredo parece não incomodar em nada a Câmara de Vereadores, cujos membros ainda não fizeram nenhuma movimentação para esclarecer isso, uma omissão que reforça os comentários que circulam nos ambientes políticos locais, de que o governo não é cobrado por causa dos cargos ofertados para os membros da Casa indicarem apadrinhados, e até mesmo parentes, o que faz do Legislativo – que deveria ser um poder independente e fiscalizador – um simples “puxadinho” do Executivo.
Gente ligada ao governo admite que cada vereador teria recebido o direito de nomear até 10 indicados em cargos na administração municipal, o que seria o preço do silêncio, numero que estaria sendo subestimado. “São no mínimo 20, mas se bobear tem gente com mais de 30”, diz outra fonte, essa próxima à própria Câmara, e como a administração municipal não é cobrada em nada pelos integrantes do Poder Legislativo, a falta de ação por parte dos parlamentares acaba corroborando isso, apontando para uma relação promíscua entre os dois poderes.
O mais engraçado nessa história toda é que o pastor Glauco Kaizer, antes de ser prefeito, condenava essa ligação com a Câmara Municipal. Tanto era assim que ele chegou a usar a conta dele no Twitter para criticar a relação amigável entre os poderes Executivo e Legislativo. “Uma Câmara de Vereadores leniente, somada a aliados políticos que só sabem concordar, torna fraco e frágil qualquer governo”, escreveu ele no dia 2 de maio de 2017.
Farra dos parentes – Do jeito que as coisas estão em Queimados o que era feio nas gestões anteriores parece ter ficado bonito no governo atual, um vale tudo que proporcionou, por exemplo, que o vereador Thomas Jeferson Alves, o Thomas da Padaria (PTC), conseguisse empregar quatro parentes na Prefeitura, entre eles noiva, sogra, e duas tias, todas membros da Igreja Batista Central de Queimados (IBCQ), a qual o prefeito pertence.
Nesse embalo também foram nomeados um filho do vereador Paulo Salvador de Souza Bastos, o Paulo Barata (PSD); as esposas dos vereadores Rafael Rosemberg Coelho da Silva, o Rafael Foquinha, (PTB), e Jefferson Dias (PDT); o marido da vereadora marido da vereadora Cintia Batista de Oliveira Mendonça (Avante), além de um sobrinho do vereador Julio Cesar de Almeida Coimbra, mais conhecido na cidade como Júlio Boi, eleito pelo PSC.
Esses parentes, segundo a Prefeitura chegou informar, já teriam sido exonerados, mas as demissões não apagam o feito, até porque outros indicados foram empregados numa distribuição de empregos que talvez estivesse provocando uma cegueira conveniente, falta de visão clara que impede que os “representantes do povo” não veem nada demais no fato de o governo ter comprado R$ 7,3 milhões em tablets sem ter revelado até agora a quantidade adquirida, marca, modelo, valor unitário e quantos equipamentos já estão em poder da Prefeitura.
O espaço está aberto para manifestação da Prefeitura e da Câmara de Vereadores de Queimados.
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